(Junko Kimura-Matsumoto/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 2 de junho de 2021 às 19h59.
Por Isabel Reynolds e Yoshiaki Nohara, da Bloomberg
Após 30 anos no Japão, a ex-vice-presidente do Goldman Sachs Kathy Matsui, conhecida por pesquisas que mudaram as políticas públicas sobre as mulheres no trabalho, está lançando um fundo de capital de risco que pode ajudar a colocar algumas de suas ideias em prática.
Matsui, que deixou o Goldman Sachs no final de 2020, fez uma parceria com três outras executivas com experiência em finanças para montar um fundo que visa investir US$ 150 milhões em setores como saúde, fintechs, trabalho da próxima geração e educação, bem como meio ambiente. O fundo MPower Partners, uma raridade no Japão por ser liderado por mulheres, quer garantir altos retornos ao mesmo tempo em que transmite às startups valores ambientais, sociais e de governança, ou ESG na sigla em inglês, segundo Matsui.
“Nossa tese é que, para as startups japonesas realmente se tornarem globais e crescerem, um dos elos que faltam é o ESG”, disse em entrevista na semana passada. “Acreditamos firmemente que, ao integrar o ESG em suas estratégias de negócios, boas empresas podem se tornar grandes empresas e com crescimento sustentável no futuro.”
Creditada por cunhar o termo “Womenomics”, algo como economia das mulheres em inglês, Matsui publicou uma série de relatórios ao longo de 20 anos detalhando os benefícios econômicos de empoderar as mulheres, à medida que a força de trabalho do Japão envelhece e encolhe. Embora o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe tenha apoiado as ideias de Matsui, o país ficou muito aquém da meta de ter mulheres em 30% dos cargos de gestão até 2020, ano em que Abe deixou o cargo. O Japão ficou em 120º lugar no índice Gender Gap do Fórum Econômico Mundial para 2021.
O mercado de investimento de risco do Japão se expandiu rapidamente nos últimos anos, mas permanece pequeno em comparação com os EUA e com a China, disse Matsui. O novo fundo terá como objetivo investir dois terços do capital em startups de crescimento a estágio avançado no Japão, acrescentou, e cerca de 30% em startups em estágio inicial no exterior.
A parte da governança no ESG pode ser interpretada para incluir questões como garantir a diversidade nos conselhos corporativos, algo que as empresas japonesas muitas vezes não conseguem alcançar. As mulheres representavam apenas 10,7% dos cargos do conselho nas maiores empresas de capital aberto do Japão em 2020, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, abaixo da média de 26,7% da OCDE.