Agenda ESG de governos e empresas é a mesma, diz vice-presidente da Anbima
Luiz Maia afirma que há defasagem entre setor privado e governo no conceito, mas que ambos estão atrasados em relação à agenda internacional
Rodrigo Caetano
Publicado em 13 de agosto de 2021 às 06h00.
O Estado é, essencialmente, ESG e não há diferença entre as agendas socioambientais do governo e do setor privado. Quem diz isso é Luiz Maia, vice-presidente de ética da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e membro do conselho ESG da Fecomércio de São Paulo, órgão recém-criado pela entidade. De acordo com Maia, o Brasil está defasado nessa agenda, e isso vale tanto para o setor público, quanto o privado.
“No pós-pandemia, a economia estará muito baseada na colaboração”, afirmou Maia em entrevista ao canal Um Brasil, mantido pela Fecomércio. “Nem governo, nem empresas estão preparados.”
Assista à entrevista completa:
Do lado governamental, o atraso está na definição de marcos regulatórios, como aconteceu com o marco do saneamento, que destravou investimentos. O governo também precisa retomar o protagonismo do Brasil na questão ambiental. “Voltar à mesa é muito importante”, diz ele.
A corrida para zerar as emissões de carbono terá forte influência nos mercados, daqui em diante. “A Europa colocou a barra lá em cima”, disse Maia, ao responder sobre as medidas anunciadas pela União Europeia de taxar produtos que ultrapassem determinado limite de emissões de gases de efeito estufa. “Quem não se adaptar vai sofrer consequências.”
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Investimentos emsocialtechs
O setor privado, em especial os investidores, ainda tem o papel de fomentar soluções que diminuam a desigualdade social, especialmente na educação. “A pandemia deixou boa parte da sociedade brasileira para trás”, disse ele ao comentar sobre a parada das escolas públicas e a falta de acesso a soluções de ensino à distância. “Precisaremos de investimentos de impacto social.”
Maia enxerga oportunidades nas chamadas socialtechs, startups focadas em desenvolver negócios que resolvam problemas sociais. As áreas mais promissoras são as de soluções para geração de emprego e para baixar o custo da educação. Nesse sentido, ele afirma que é possível conciliar lucro com impacto positivo. “No futuro, todas as empresas serão avaliadas pelo que entregam à sociedade, não pelo retorno ao acionista”, prevê.
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