(RoadLight/Pixabay/Divulgação)
Por Carolina Giovanella*
A sustentabilidade, para dar certo, precisa estar na estratégia das empresas e instituições, assim ela irá se manifestar em todas as iniciativas. O Brasil, ao meu ver, ainda está um passo atrás nesta conscientização, se comparado à Europa e aos EUA, mas avançando.
O volume de dívidas com apelo sustentável teve um crescimento considerável no Brasil no ano passado. Foram 109 operações rotuladas com algum tipo de selo ESG, num volume financeiro de R$ 85 bilhões. Em 2020, haviam sido 43 operações, totalizando perto de R$ 30 bilhões.
Assim como o seu crescimento, surgiram muitos questionamentos sobre a real aderência dessas empresas às boas práticas propostas ou simplesmente o senso de oportunismo nesse processo. Neste caso, vejo aqui o “copo meio cheio”. Quando estamos diante de algo novo, e em um processo de crescimento acelerado, é natural que haja uma curva de aprendizado para o empresário, o regulador e a população como um todo.
Fato é que no exterior notamos o investidor cada vez mais criterioso e preocupado com os KPIs das ofertas, algo que no Brasil ainda é embrionário. O senso comum ainda direciona o bolso do investidor para ofertas com mais taxas em detrimento das com melhores indicadores de sustentabilidade que, em alguns casos, remuneram um pouco menos o investidor.
Acredito, porém, que se trata somente de uma questão de tempo. Como gestora de patrimônios, vemos as novas gerações mais preocupadas e interessadas no assunto e não considerando apenas o resultado do ativo para decidir se ele estará, ou não, na composição da sua carteira. A procedência, propósito e práticas sustentáveis das empresas se tornaram pontos importantes neste processo de escolha. Essa tendência, no entanto, ainda não faz parte do senso comum, mas já sinaliza na direção de um futuro próximo que nos aguarda. E aqui, novamente, acredito que a mudança está na educação, na informação das pessoas e não na criação de estímulos estatais que podem eventualmente se tornar perversos.
*Carolina Giovanella (CGA – CFP ®) é fundadora da Portofino Multi Family Office. Em 2012, criou a empresa para cuidar do patrimônio da própria família e hoje, com o mesmo propósito, atende inúmeras pessoas, famílias e empresas.