Economia

Zona do euro vê plano de recapitalização direta dos bancos

Apesar de não estar programado, o ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici, aproveitou a reunião com seus sócios da zona do euro para retomar o debate sobre o euro


	O ministro de Economia, Finanças e Comércio Exterior da França, Pierre Moscovici: euro se valorizou consideravelmente nos últimos meses
 (AFP/ John Thys)

O ministro de Economia, Finanças e Comércio Exterior da França, Pierre Moscovici: euro se valorizou consideravelmente nos últimos meses (AFP/ John Thys)

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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 17h27.

Bruxelas - A zona do euro debatia nesta segunda-feira o plano de recapitalização direta dos bancos, um assunto-chave para a Espanha, que acaba de receber o resgate de seu setor financeiro, em uma reunião marcada pela crescente preocupação da França com a tendência de alta da moeda única.

Apesar de não estar programado, o ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici, aproveitou a reunião com seus sócios da zona do euro para retomar o debate sobre o euro, pedindo que eles emprendessem políticas coordenadas que acabem com a especulação no mercado de divisas e detenham a tendência de alta da moeda europeia, argumentando que, entre outras coisas, isso eleva o preço das exportações e as torna menos competitivas.

"Debateremos o estado geral da zona do euro e o tema poderia surgir ali", disse o ministro holandês, Jeroen Dijsselbloem, que preside o Eurogrupo pela primeira vez.

Os tipos de câmbio "não podem estar sujeitos aos caprichos dos especuladores", disse Moscovici, em sua chegada a Bruxelas.

O euro se valorizou consideravelmente nos últimos meses à medida que a zona do euro parece ter superado seus problemas.

Durante vários meses alguns países emergentes criticaram a política monetária dos bancos centrais, mediante a injeção de liquidez em suas próprias economias, o que tende a afetar suas divisas e a desvalorizá-las.


O assunto poderia obscurecer os temas oficiais da reunião do Eurogrupo: a recapitalização bancária e o resgate do Chipre.

Mais uma vez, os ministros tentarão avançar sobre a recapitalização direta dos bancos, decidida em junho para romper o "círculo vicioso" entre dívida bancária e dívida soberana.

Contudo, desde então, houve avanços mínimos e a proposta de uma injeção de capital diretamente no setor financeiro esteve submetida a múltiplas interpretações.

Os ministros voltarão a estabelecer um calendário para que o fundo europeu de resgate, o chamado Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE) assuma a recapitalização direta.

Alemanha, Holanda e Finlândia querem que a recapitalização direta comece em 2014, quando o BCE assumir a supervisão única dos grandes bancos da zona do euro, sem efeitos retroativos.

Por outro lado, a Espanha, alinhada à França, Grécia, Irlanda e Itália, reivindica algum tipo de retroatividade. A Espanha recebeu recentemente 41,3 bilhões de euros de seus sócios europeus para sanear seus bancos.


Em troca, o governo conservador de Mariano Rajoy se comprometeu a por em prática um programa de reestruturação para sanear o setor financeiro, asfixiado após o estouro da bolha imobiliária em 2008, motor de crescimento desse país.

O procedimento acordado entre Bruxelas e Madri é que o MEDE entregue os fundos ao Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) estatal, o que engrossará a dívida pública espanhola.

Até agora, o governo espanhol minimizou o impacto, ao afirmar que o procedimento só implicará um aumento de 3,5 pontos percentuais.

A terceira menor economia da zona do euro depois de Malta e da Estônia, de apenas um milhão de habitantes, solicitou no ano passado a ajuda financeira dos fundos de resgate europeus para frear a exposição de seu setor financeiro à Grécia.

Contudo, o resgate não chegará até depois de meados de março, depois que o novo governo assumir após as eleições de fevereiro, para avaliar se o país cumpre a legislação europeia sobre lavagem de dinheiro, diante do temor de alguns países, sobretudo da Alemanha, de que os fundos de resgate terminem nos cofres da máfia russa.

A ilha mediterrânea tem um setor financeiro desproporcionalmente grande, que opera fora da costa e que está muito exposto a sua vizinha Grécia.


O governo de Nicósia já negociou com a Rússia um empréstimo bilateral de 2,5 bilhões de euros e tentou obter um financiamento de Moscou ou Pequim, que evitasse as condições impostas por Bruxelas em troca das ajudas.

Segundo o jornal Financial Times, os países europeus debaterão uma proposta que prevê impor a amortização da dívida soberana cipriota.

Isso permitiria reduzir em dois terços o resgate do Chipre, de cerca de 17 bilhões a 5,5 bilhões de euros.

Contudo, a Comissão Europeia (CE) negou essa alternativa. "Não há nenhuma proposta nesse sentido", disse um porta-voz.

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