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TRATAMENTO DE BELEZA, URGENTE!

Cinco medidas para melhorar o visual da metrópole e a qualidade de vida dos moradores

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h18.

Não é preciso ser o mais vaidoso dos seres para saber que os cuidados com a saúde e a beleza devem aumentar à medida que a idade avança. Com o tempo, a falta de zelo com o organismo pode acarretar doenças difíceis de remediar. A regra se aplica não somente a homens e mulheres, mas também às cidades. Com 448 anos, São Paulo é um município relativamente jovem, em crescimento pujante, mas precisa, sem demora, corrigir certos vícios para usufruir de uma maturidade plena.

Um tratamento de beleza em nossa cidade (acompanhado de um rigoroso check-up) ajudaria a recuperar a beleza de nossos monumentos, a oferecer novas áreas de lazer e a despertar a auto-estima da população. Sei das dificuldades para implantar projetos de melhoria urbanística e administrar uma metrópole com mais de 10 milhões de habitantes, mas existem medidas simples que podem ser postas em prática sem onerar os cofres públicos. Proponho cinco ações:

CONSCIENTIZAR A POPULAÇÃO
Há muito tempo a limpeza pública da cidade vem dando resultados apenas paliativos, quando não contraproducentes. De que adianta mobilizar um batalhão de garis ou colocar centenas de caminhões de lixo em circulação se a população continua a forrar as ruas com latas, palitos, embalagens, folhetos e outros dejetos?

Saneamento público é uma questão de educação. No longo prazo, cabe às escolas e às famílias orientar os pequenos cidadãos a não jogar lixo no chão. No curto prazo, campanhas de conscientização, como a do Sujismundo, que se mostrou muito eficiente nos anos 70, atenuariam a sujeira de nossas ruas.

Por meio de outdoors, rádios, TVs, jornais e revistas, seria fácil informar a população sobre os benefícios de manter limpas as vias públicas: melhor escoamento das águas das chuvas para os rios, o que ajuda a evitar enchentes; redução do risco de doenças, por inibir a proliferação de ratos e outros transmissores; e a visível melhoria estética.

Mesmo devidamente orientados, os transeuntes precisam de recipientes para depositar o lixo. Quem circula pela cidade sabe que o número de cestos é insuficiente. Há vias públicas (e não estou me referindo somente à periferia) onde não se encontra sequer um cesto de lixo. É preciso instalá-los simultaneamente à campanha, para alcançar o efeito desejado.

PRESERVAR OS MONUMENTOS
São Paulo é rica em monumentos. Independentemente da importância histórica ou artística das obras, todas têm de passar por manutenção constante, pois representam algo ou alguém que foi muito relevante para a cidade. É falta grave não reparar, identificar ou dar o devido destaque (iluminação, por exemplo) aos monumentos.

Entre eles não podemos esquecer os prédios do centro velho de São Paulo. São edificações do início do século passado, erguidas com sofisticação e raro esmero arquitetônico. Para exibi-las com orgulho, é preciso restaurá-las. Várias cidades européias que possuem um verdadeiro relicário a céu aberto conseguiram chegar a um compromisso inteligente com o progresso: permitiram a abertura de escritórios, desde que estes se responsabilizassem pela reforma e pela manutenção dos prédios respeitando o projeto arquitetônico original.

EMBELEZAR OS ESPAÇOS OCIOSOS
Outro problema em São Paulo é a "falta de vida" nas edificações públicas e o não-aproveitamento delas para outros fins. Nossos viadutos, pontes e estações de trem são monocromáticos -- isso quando não estão cobertos de pichações. Esses espaços ociosos têm de ser aproveitados racionalmente e de modo a embelezar a região. Sou favorável à plantação de heras e outras trepadeiras. Elas dariam viço a vigas, paredes e marquises, e de quebra impediriam as pichações.

RECUPERAR OS RIOS PINHEIROS E TIETE
Os rios Pinheiros e Tietê e suas respectivas marginais são um problema crônico. Poluídos, malcheirosos e estéreis, desempenham apenas o triste papel de esgoto. A indignação aumenta quando se sabe que, em vez das montanhas de lixo, seria possível vislumbrar marinas (sonhando um pouco alto), pontes suntuosas e travessas arborizadas para pedestres.

Impossível? Em Paris, o rio Sena, que já foi uma grande dor de cabeça para a cidade, hoje flui tranqüilo, limpo, com seus barcos repletos de turistas. Nas margens, há bancos para quem quiser ler jornal ou tomar um soverte enquanto aprecia a paisagem.

Reverter a situação do Tietê e do Pinheiros não é devaneio. Basta desenvolver projetos sérios e aplicar corretamente os recursos. Muitos esquecem que esses rios já tiveram peixes em abundância e foram próprios para atividades náuticas. No momento, o Projeto Pomar é um alento que deve ser mantido e rapidamente ampliado.

CRESCER A AREA VERDE
No tratamento de beleza urbanístico não poderia faltar o aumento da área verde, uma reivindicação que continua atual e factível. Experiências em outras metrópoles comprovam que é possível conciliar a construção de prédios elevados com o plantio de árvores. Veja, por exemplo, o caso de Curitiba, uma das cidades mais arborizadas do mundo.

Lógico que tudo muda de figura quando a população salta de 1,5 milhão (número máximo ideal de habitantes numa cidade, segundo alguns urbanistas) para mais de 10 milhões. Mas a área de São Paulo e seus recursos naturais são maiores que os de Curitiba. Por isso, a criação de parques, bulevares e praças, ou até mesmo a simples arborização de ruas onde não se vê um pedacinho de verde, é possível e altamente recomendável para dar um pouco mais de vida à nossa amada São Paulo.

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