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Suspensão à carne gera mais prejuízo de imagem do que financeiro

Nesta quinta ,os EUA suspenderam todas as importações de carne bovina in natura do Brasil

Carne: o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne acredita que a suspensão será resolvida no curto prazo (Fuse/Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 23 de junho de 2017 às 13h47.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 13h48.

São Paulo - As perdas decorrentes da suspensão das exportações de carne in natura do Brasil para os Estados Unidos são "intangíveis", com impacto para a imagem do país sendo maior do que o financeiro, disse nesta sexta-feira o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Camardelli.

O Brasil não é grande exportador para o mercado norte-americano, mas a chancela dos EUA dava ao país, maior exportador global, possibilidade de conseguir entrar em mercados importantes para a carne in natura, como Japão e Coreia do Sul.

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"Se olhar o aspecto financeiro, é importante para o país (a receita gerada), mas o prejuízo grande é de imagem, levamos muito tempo para conquistar esse mercado, porque ele é um passaporte para outros mercados", disse Camardelli à Reuters.

Os EUA suspenderam todas as importações de carne bovina in natura do Brasil nesta quinta-feira, devido a recorrentes preocupações sobre sanidade de produtos.

Camardelli acredita que a suspensão será resolvida no curto prazo, uma vez que medidas corretivas já estão sendo tomadas.

De janeiro a maio, as exportações de carne bovina in natura do Brasil para os EUA somaram 4,68 mil toneladas, o equivalente a 18,9 milhões de dólares, de acordo com dados da Abiec.

As exportações totais do Brasil de carne bovina, incluindo produto industrializado, estão estimadas em cerca de 1,5 milhão de toneladas/ano.

O Brasil, que sempre foi um exportador relevante de carne industrializada aos EUA, conseguiu um acordo para exportar o produto in natura apenas no segundo semestre do ano passado, após vários anos de negociação.

Os EUA prometeram agora liberar o produto brasileiro assim que o Brasil corrigir erros apontados pelo Departamento de Agricultura (USDA) em questões de saúde, sanitárias e outras relacionadas à saúde animal.

Para a Abiec e a diretora da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel, o motivo da suspensão são abscessos verificados na carne exportada, decorrentes de uma reação da vacina contra a febre aftosa no rebanho.

"É um problema de padronização, somos o único país livre de aftosa com vacinação que exporta aos Estados Unidos", ponderou Lygia.

Camardelli explicou que o setor já estava tomando medidas antes mesmo da suspensão, retirando os abscessos da carcaça verificados visualmente e fracionando-a em busca dos abscessos que não estavam aparentes, um procedimento que, aliás, gera segundo ele, um prejuízo diário de até 1,5 tonelada, por cortes que inicialmente não seriam necessários.

"E mesmo assim, por abscessos não visíveis, esse problema foi detectado", disse ele, ressaltando que o problema não vem de uma vacina mal aplicada, mas sim de uma reação ao componente da vacina.

Ele preferiu não responder se a vacina poderia ter componentes alterados para se evitar tais reações.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já informou que viajará aos EUA para prestar esclarecimentos sobre o problema, buscando reverter a suspensão.

"Estou bastante otimista sobre a solução do problema, para reverter é preciso apresentar medidas corretivas, como já está sendo feito... A curto prazo a gente consegue reverter...", disse Camardelli.

Efeito pequeno

Para a analista da Agrifatto, depois de tantos escândalos no setor este ano, como a operação Carne Fraca da Polícia Federal, que inclusive levou a uma maior fiscalização pelos EUA, o Brasil tem mais um problema para lidar.

"Não é um problema de saúde pública, mas como já se gerou estresse com a operação... infelizmente é um ano difícil para o Brasil."

De qualquer forma, ela não acredita em grande efeitos relevantes para o mercado pecuário brasileiro, cujos preços já estão pressionados pela crise na JBS e uma sobreoferta de animais para abate. Isso porque os EUA não são grandes importadores do produto brasileiro.

Grande companhias que estavam habilitadas a exportar para os EUA, como Minerva, têm a alternativa de atender os clientes norte-americanos a partir de outras unidades, o que minimiza o prejuízo corporativo.

A Minerva, uma das maiores produtoras de carne bovina da América do Sul, afirmou em nota nesta sexta-feira que a suspensão aos embarques de produto in natura do Brasil pelos Estados Unidos não compromete o volume de exportações da companhia.

Mas que enquanto persistir a suspensão, a empresa vai atender os clientes nos Estados Unidos com o produto de suas unidades situadas Uruguai.

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