Selic: governo pressionará por corte de pelo menos 0,5 pp em agosto após BC abrir porta para queda
Cobranças partirão de ministros da equipe econômica, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 21 de junho de 2023 às 18h52.
Última atualização em 21 de junho de 2023 às 19h45.
O governo já definiu o que deseja do Banco Central (BC) em agosto:um corte de juros de pelo menos 0,5 ponto percentual , para 13,25% ao ano , confidenciaram à Exame integrantes do Executivo . E a pressão para que isso ocorra partirá de ministros da equipe econômica, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin.
A avaliação do governo é a de que uma queda menor da taxa, atualmente em 13,75%, passará uma mensagem ruim, não terá potencial para aquecer a economia e atrair mais investimentos para o país.
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Os sucessivos apelos públicos de grandes empresários, como Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, e do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, são combustível para que o governo eleve a temperatura para pressionar o BC.
“Há um consenso, inclusive a partir de conversas com empresários, sobretudo varejista, que é inadmissível permanecer no patamar atual. O financiamento de veículos e a venda de imóveis depende de juros mais baixos”, disse um assessor de Lula.
Mudança da meta de inflação
Outro fator que pode favorecer a queda de juros é a possível mudança da regra que define o regime de metas para a inflação. Atualmente, o BC persegue objetivos anuais definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A tendência é que na próxima reunião, marcada para 28 de junho, o colegiado acabe com as metas anuais e torne as metas constantes ou para dois anos.
Na prática, o BC terá um prazo maior para fazer a convergência da inflação para as metas. Com isso, a dose do remédio amargo (alta de juros) tende a ser menor para levar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ) para a meta.
Por fim, em agosto, Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos, indicados pelo governo Lula para as diretorias de Política Monetária e de Fiscalização do BC respectivamente, também devem ter tomado posse após sabatina pelo Senado, marcada para 27 de junho. Com isso, serão vozes ativas do governo no Copom.