Segundo turno deixa a vitória mais próxima de Alckmin, diz Romano
Para professor de política da Unicamp, tucano deve reforçar ataques com base nos recentes escândalos envolvendo PT
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h18.
Os votos perdidos por Lula na reta final da eleição presidencial podem custar caro ao Partido dos Trabalhadores (PT). Para Roberto Romano, professor de ética e política da Unicamp, o cenário em que se dará a campanha do segundo turno inverte as forças dos candidatos e torna Geraldo Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), aquele que mais tem chances de levar o próximo mandato presidencial.
"A vitória está mais próxima de Alckmin", diz o professor. Romano acredita que o PT errou ao apostar que os recentes escândalos envolvendo o partido não teriam força para atingir Lula a tempo das eleições. "Política é jogo, e como jogo, você precisa saber dominar o momento. A propagação da onda dos escândalos foi mais lenta do que o esperado, mas chegou a tempo da eleição", afirma Romano.
Outro pecado foi acreditar que as classes C e D e a região Nordeste seriam suficientes para reeleger Lula. O presidente realmente teve votação expressiva entre os nordestinos no primeiro turno, batendo o tucano Alckmin por 66,78% dos votos contra 26,15%, mas ainda possui pouca força nas principais capitais da região, afirma Romano.
Campanha
Agora, segundo o professor, os petistas terão de se escorar no carisma do presidente para não perder a reeleição, vista como já assegurada no início da campanha. "Me parece que a orientação será a de mostrar como o Lula fez bem aos pobres e como é perseguido pela imprensa e pelas elites. Nós teremos uma campanha perigosamente ideológica, no pior sentido, o de exaltar uma liderança populista", diz Romano.
No entanto, para o professor, somente o apelo pessoal do presidente não é capaz de deter, sozinho, o vasto material de contrapropaganda - baseado nos recentes escândalos - com que o PSDB se armará para a próxima votação. Principalmente se Alckmin reconhecer que precisa ser mais direto em suas propostas e didático para conquistar as massas. "A vantagem está toda com a oposição", declara Romano.