Se crise continuar, situação será insustentável, diz Pezão
"Não fui pedir ajuda do Tesouro em dinheiro, fui pedir que deixe fazer operações que já foram feitas", afirmou Pezão, ao comentar sua visita a Brasília
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de novembro de 2016 às 17h48.
Rio - O governador do Rio , Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que, se a crise financeira do Estado continuar, a situação se tornará "insustentável".
"Eu não tenho Medida Provisória para fazer, não posso declarar um déficit de R$ 170 bilhões e (fazer) entrar o recurso e trabalhar com R$ 170 bilhões, não tenho Casa da Moeda, não tenho banco, fica difícil", declarou. "Não quero tratamento diferenciado, mas acho que tem que ter pelo menos ter algum equilíbrio nessa calamidade. Acho que ontem caiu a ficha, que é uma calamidade."
Pezão disse saber que o Tesouro Nacional "tem uma receita de bolo" a ser seguida para todos os Estados e todas as prefeituras. "Mas em um estado de calamidade tem que ter alguma excepcionalidade. Se tem que arrestar (R$) 200 (bilhões), não pode arrestar (R$) 100 (bilhões inicialmente) e deixar os outros (R$) 100 (bilhões) para a próxima semana?" O governador afirmou que "em uma crise o gestor tem que estabelecer uma mínima prioridade dos pagamentos".
"Não fui pedir ajuda do Tesouro em dinheiro, fui pedir que deixe fazer operações que já foram feitas em outras oportunidades", afirmou, ao comentar sua visita a Brasília.
Incentivos Fiscais
O Rio não vai parar de dar incentivos fiscais para empresas se instalarem no Estado, disse Pezão. Segundo ele, as isenções foram importantes para o Estado atrair investimentos. "A guerra fiscal tem que acabar? Tem que acabar para todo mundo", afirmou.
"A Nissan nós disputamos com quinze Estados. Se ela não está ali em Resende, está do outro lado, ali em Cruzeiro (SP), está em Lorena (SP), está em qualquer outro lugar com os mesmos incentivos. As pessoas estão torcendo para o Rio parar com os incentivos. Nós viramos competitivos, porque temos mercado e porque entramos na guerra fiscal. Nós nos tornamos o segundo pólo siderúrgico, o segundo pólo cervejeiro e o segundo pólo automotivo do País. A Land Rover e a Nissan vieram para cá", disse.
Pezão repudiou as críticas que a política tem recebido - há cálculos que foram dados pelo Estado até R$ 185 bilhões em incentivos, apontados como uma das causas da crise, o que Pezão negou. "Fizeram chacota com um incentivo fiscal dado a termas (prostibulos)", afirmou o governador. "Foi para o setor de bares e restaurantes."
Reforma da Previdência
O governador do Rio defende a reforma da Previdência como o único caminho para a atual crise financeira dos Estados. Qual medida que se toma em uma redução desta de 7% do PIB, se não pode mexer no inativo? Se não mexer na Previdência daqui a pouco eles (aposentados) não vão receber. É Grécia", afirmou à reportagem.
Se o tema não for discutido, disse, não haverá Estado no País que fique de pé financeiramente. Segundo ele, o Rio de Janeiro lutou para conseguir pagar nove folhas de pagamento este ano. "Se Deus quiser pago a décima durante esse período, mas não sei até quando. A folha de pagamento de inativos é quase igual ao dos servidores ativos."
O governador admite que o problema social tende a crescer no País no atual cenário. "O Rio é o primeiro, mas vamos ter problemas sociais fortes. São 14 milhões de desempregados, atrasos de pagamento, de fornecedores e de terceirizados. É um caldeirão difícil. Mas tem que ser enfrentado, temos que descobrir caminhos", completou.