Schwartsman: “BC faz apostas em vez de gerenciar riscos”
Ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman diz que só um cenário igual ou pior que o de 2008 justificaria corte na taxa Selic
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2011 às 15h20.
São Paulo – Para o economista e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central Alexandre Schwartsman, ao reduzir a taxa Selic para 12% o BC agiu baseado em apostas, em vez de gerenciar riscos. Segundo ele, a decisão do Copom foi tomada com muita certeza na piora da economia mundial, mas esta deterioração não é algo provável.
“A decisão foi equivocada, acho que isso é uma má gestão de riscos. Existe um cenário no qual ela teria sido correta. Se ocorresse um colapso na economia mundial, algo semelhante ao que aconteceu em 2008 e 2009. Isso provocaria uma queda forte na inflação”, diz.
Ao divulgar sua decisão, o Banco Central enfatizou que está preocupado com a desaceleração da economia global, e com os riscos que isso representa para o Brasil. O corte na taxa básica de juros, portanto, seria uma medida para evitar que o agravamento da crise sufoque o crescimento econômico brasileiro.
De acordo com Schwartsman, entretanto, ainda não há sinais que justifiquem a medida tomada. “Passamos por um cenário catastrófico em 2008 e 2009 e a inflação, que estava abaixo de 6,5% entre setembro e outubro de 2008, caiu para 4,3% em dezembro do ano seguinte. Hoje o cenario não tem a mesma gravidade, a inflação está mais alta e a expectativa (de pressão inflacionária), pior.”
Mudança de curso
Nas cinco reuniões anteriores à de ontem, o Copom havia optado por aumentar os juros. Além disso, o governo anunciou um pacote de medidas prudenciais para ajudar a conter a inflação. Entretanto, a redução da Selic representou uma mudança de curso. Aos olhos de Alexandre Schwartsman, ela não prejudica a imagem e a credibilidade da autoridade monetária.
“Isso já aconteceu antes. Na passagem de 2000 para 2001, o BC estava numa sequência de cortes nos juros e depois precisou reverter e começara subir. Curiosamente o Tombini era chefe do Depep (Departamento de Estudos e Pesquisas do BC) naquela época”, afirma.
Segundo o economista, o banco não precisa “ficar casado” com o cenário econômico. Por outro lado, seria mais prudente que o BC tivesse parado de subir os juros e esperado por maior clareza nos movimentos externos antes de reduzi-los. “Se eles acertarem, maravilha. Se errarem, terão que reverter o curso lá na frente de novo, e isso vai custar bem caro.”
São Paulo – Para o economista e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central Alexandre Schwartsman, ao reduzir a taxa Selic para 12% o BC agiu baseado em apostas, em vez de gerenciar riscos. Segundo ele, a decisão do Copom foi tomada com muita certeza na piora da economia mundial, mas esta deterioração não é algo provável.
“A decisão foi equivocada, acho que isso é uma má gestão de riscos. Existe um cenário no qual ela teria sido correta. Se ocorresse um colapso na economia mundial, algo semelhante ao que aconteceu em 2008 e 2009. Isso provocaria uma queda forte na inflação”, diz.
Ao divulgar sua decisão, o Banco Central enfatizou que está preocupado com a desaceleração da economia global, e com os riscos que isso representa para o Brasil. O corte na taxa básica de juros, portanto, seria uma medida para evitar que o agravamento da crise sufoque o crescimento econômico brasileiro.
De acordo com Schwartsman, entretanto, ainda não há sinais que justifiquem a medida tomada. “Passamos por um cenário catastrófico em 2008 e 2009 e a inflação, que estava abaixo de 6,5% entre setembro e outubro de 2008, caiu para 4,3% em dezembro do ano seguinte. Hoje o cenario não tem a mesma gravidade, a inflação está mais alta e a expectativa (de pressão inflacionária), pior.”
Mudança de curso
Nas cinco reuniões anteriores à de ontem, o Copom havia optado por aumentar os juros. Além disso, o governo anunciou um pacote de medidas prudenciais para ajudar a conter a inflação. Entretanto, a redução da Selic representou uma mudança de curso. Aos olhos de Alexandre Schwartsman, ela não prejudica a imagem e a credibilidade da autoridade monetária.
“Isso já aconteceu antes. Na passagem de 2000 para 2001, o BC estava numa sequência de cortes nos juros e depois precisou reverter e começara subir. Curiosamente o Tombini era chefe do Depep (Departamento de Estudos e Pesquisas do BC) naquela época”, afirma.
Segundo o economista, o banco não precisa “ficar casado” com o cenário econômico. Por outro lado, seria mais prudente que o BC tivesse parado de subir os juros e esperado por maior clareza nos movimentos externos antes de reduzi-los. “Se eles acertarem, maravilha. Se errarem, terão que reverter o curso lá na frente de novo, e isso vai custar bem caro.”