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Saída da Grécia da Zona do Euro é inevitável, segundo Ricardo Amorim

Para a crise grega, não há uma solução boa, apenas soluções ruins e soluções péssimas, de acordo com o economista

nota de euro e de dracma: Se a Grécia não abandonar o euro, ela, provavelmente, não vai conseguir voltar a crescer, segundo Amorim (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2012 às 17h44.

São Paulo - Para o economista e consultor financeiro Ricardo Amorim, a eleição da Grécia , no último domingo, foi uma forma de postergar o problema e evitar que o país deixei de imediato a Zona do Euro , mas a saída é inevitável. Como o governo recém-eleito deve seguir as políticas que vinham sendo adotadas, sua situação política deve ficar insustentável – e o governo vai acabar caindo, segundo o economista.

Para Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, “a eleição na Grécia evitou o desastre”, mas ainda há desafios na Europa para manter o bloco unido.

Se a Grécia não abandonar o euro, ela, provavelmente, não vai conseguir voltar a crescer, segundo Amorim. Com o consumo doméstico muito fraco, a única alternativa para a Grécia seriam as exportações, que são prejudicadas pelo euro.

O economista projeta um cenário bastante desafiador caso a Grécia abandone o euro: Com a desvalorização da moeda grega substituta do euro, o credor da Grécia vai receber bem menos. As preocupações de que isso poderá se repetir na Itália, Espanha e Portugal vão congelar os mercados europeus e a crise, se intensificar significativamente. Os bancos que estão entre os credores terão menos dinheiro para emprestar – inclusive para o Brasil.

E o problema não está só na Grécia. Amorim acredita que a recuperação gradual da economia espanhola não vai acontecer e calcula que o país precisa de quase 1 trilhão de euros – e que a Itália precisa de ainda mais. “Não há esse dinheiro disponível. A solução necessariamente vai passar, em algum momento, ou por calotes generalizados com impactos significativos ou por uma mega impressão de euros, que significa a moeda despencando e uma aceleração da inflação”, disse Amorim. “Não tem solução boa. Há soluções ruins e há soluções péssimas”, completou.

Brasil

Para se proteger nesse cenário catastrófico, o Brasil poderia, em parte, continuar o que vem fazendo, segundo Amorim. Para o economista, o Brasil ainda tem instrumentos de combate aos impactos da crise. “O que dá pra fazer hoje é o que vem sendo feito. O que acho negativo é que estamos apenas reagindo à crise. Poderíamos ter nos programado antes”, afirmou.

O país ainda tem espaço na sua politica fiscal para cortar impostos e aumentar gastos públicos a fim de estimular a atividade econômica. Já a elevada taxa de juros brasileira deixa espaço para cortes. “No fundo, coisas que são problemas brasileiros, hoje criam espaço para um estímulo que outros países não tem”, disse. Nos países desenvolvidos só sobrou um instrumento – e justamente o menos eficiente - a impressão de moeda, segundo Amorim.

Amorim participou hoje do Seminário Itaú Empresas - Copa do Mundo da FIFA 2014.

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São Paulo - Para o economista e consultor financeiro Ricardo Amorim, a eleição da Grécia , no último domingo, foi uma forma de postergar o problema e evitar que o país deixei de imediato a Zona do Euro , mas a saída é inevitável. Como o governo recém-eleito deve seguir as políticas que vinham sendo adotadas, sua situação política deve ficar insustentável – e o governo vai acabar caindo, segundo o economista.

Para Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, “a eleição na Grécia evitou o desastre”, mas ainda há desafios na Europa para manter o bloco unido.

Se a Grécia não abandonar o euro, ela, provavelmente, não vai conseguir voltar a crescer, segundo Amorim. Com o consumo doméstico muito fraco, a única alternativa para a Grécia seriam as exportações, que são prejudicadas pelo euro.

O economista projeta um cenário bastante desafiador caso a Grécia abandone o euro: Com a desvalorização da moeda grega substituta do euro, o credor da Grécia vai receber bem menos. As preocupações de que isso poderá se repetir na Itália, Espanha e Portugal vão congelar os mercados europeus e a crise, se intensificar significativamente. Os bancos que estão entre os credores terão menos dinheiro para emprestar – inclusive para o Brasil.

E o problema não está só na Grécia. Amorim acredita que a recuperação gradual da economia espanhola não vai acontecer e calcula que o país precisa de quase 1 trilhão de euros – e que a Itália precisa de ainda mais. “Não há esse dinheiro disponível. A solução necessariamente vai passar, em algum momento, ou por calotes generalizados com impactos significativos ou por uma mega impressão de euros, que significa a moeda despencando e uma aceleração da inflação”, disse Amorim. “Não tem solução boa. Há soluções ruins e há soluções péssimas”, completou.

Brasil

Para se proteger nesse cenário catastrófico, o Brasil poderia, em parte, continuar o que vem fazendo, segundo Amorim. Para o economista, o Brasil ainda tem instrumentos de combate aos impactos da crise. “O que dá pra fazer hoje é o que vem sendo feito. O que acho negativo é que estamos apenas reagindo à crise. Poderíamos ter nos programado antes”, afirmou.

O país ainda tem espaço na sua politica fiscal para cortar impostos e aumentar gastos públicos a fim de estimular a atividade econômica. Já a elevada taxa de juros brasileira deixa espaço para cortes. “No fundo, coisas que são problemas brasileiros, hoje criam espaço para um estímulo que outros países não tem”, disse. Nos países desenvolvidos só sobrou um instrumento – e justamente o menos eficiente - a impressão de moeda, segundo Amorim.

Amorim participou hoje do Seminário Itaú Empresas - Copa do Mundo da FIFA 2014.

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