Economia

Revista elege Ilan Goldfajn como melhor presidente de BC do mundo

O texto aponta resultados como a saída da recessão, a taxa de juros em mínima histórica e a inflação fechando 2017 abaixo do piso da meta

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, em entrevista (Lula Marques/Bloomberg)

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, em entrevista (Lula Marques/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 11 de janeiro de 2018 às 11h59.

Última atualização em 11 de janeiro de 2018 às 12h30.

São Paulo - Ilan Goldfajn foi eleito o melhor banqueiro central do mundo em 2018 pela revista britânica "The Banker", do grupo Financial Times.

Após 7 anos como economista-chefe do Itaú Unibanco, o maior banco privado da América Latina, Ilan assumiu o comando do Banco Central em junho de 2016.

O texto aponta resultados obtidos desde então como a saída da recessão, a taxa de juros Selic em mínima histórica de 7% e a perspectiva de inflação fechando 2017 abaixo do piso da meta, o que se confirmou nesta quarta-feira (10).

"Isso está longe de ser uma conquista fácil em um país que lutou com uma inflação subindo para dois dígitos no passado recente", diz o texto.

A publicação destaca que o currículo de Ilan é "uma mistura interessante de instituições públicas e privadas, academia e organizações internacionais".

Ele tem doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e já tinha sido parte de quadro do BC como diretor de política econômica entre 2000 e 2003.

Ilan também passou pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Gavea Investimentos, um dos principais fundo de investimento do país.

Este perfil teria dado a ele a combinação entre "habilidade e confiança" necessária para controlar a inflação e deixar o mercado e líderes de negócios seguros com sua liderança do BC.

Entrevista

A "The Banker" também incluiu uma entrevista com Ilan realizada em dezembro em que ele remonta sua trajetória no cargo.

“Tínhamos um desafio, no final de 2016, de ancorar as expectativas antes de começar a reduzir as taxas de juros. [Ter sucesso nisso] nos ajudou um tanto porque as expectativas caíram antes da inflação cair", diz Ilan.

Ele destaca que havia uma atitude defensiva das empresas de não desacelerar reajustes por medo de que a atitude não seria acompanhada pelo resto do mercado.

“Tinham medo do [ambiente] econômico. Assim que tiveram uma nova visão do futuro - por causa de mudanças no BC e um novo modelo [econômico] - elas ficaram dispostas a reduzir o [crescimento de] preços. Isso ajudou a inflação a ser baixada e a economia a se recuperar", diz Ilan.

Para 2018, ele coloca entre seus objetivos reduzir os spreads bancários, a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final, um problema histórico do país.

Ilan também destaca a nova Taxa de Longo Prazo (TLP), que força uma convergência entre os juros cobrados pelo BNDES e pelo mercado, como algo que vai aumentar a potência da política monetária.

Outras iniciativas citadas são de estimular a competição bancária, apoiar fintechs e melhorar a educação financeira.

Mas a maior prioridade será de manter a inflação baixa, onde ainda há confiança: a projeção do mercado é que ela subirá, mas ainda sem atingir o centro da meta.

“É muito difícil perder peso quando vocês está fazendo dieta, mas é mais difícil ainda preservar aquele peso depois que você já [emagreceu]", completa Ilan.

Veja os outros vencedores do prêmio por região:

Europa: Jirí Rusnok, da República Tcheca

Ásia-Pacífico: Ravi Menon, de Singapura

Oriente Médio: Rasheed Mohammed Al Maraj, do Bahrain

África: Patrick Njoroge, do Quênia

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