Relatório do BC expõe alta de pedaladas sob Dilma, diz Folha
Valor das pedaladas em relação ao PIB oscilou entre 0,03% e 0,11% do PIB entre 2001 e 2008; a partir de 2009, cresce até chegar a 1% do PIB, diz Folha
João Pedro Caleiro
Publicado em 6 de abril de 2016 às 11h13.
São Paulo - Dados do Banco Central solicitados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) mostram um aumento expressivo das chamadas "pedaladas fiscais" durante o governo Dilma Rousseff , diz reportagem da Folha de São Paulo publicada hoje.
As "pedaladas", base do pedido de impeachment da presidente, são quando o Tesouro atrasa repasses aos bancos federais para custeio de programas do governo.
A interpretação é que isso configura operação de crédito, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O governo diz que os atrasos são práticas comuns adotadas no passado por outros governos.
O que os dados do BC mostram, segundo a Folha, é o aumento deste tipo de operação ao longo do tempo.
No final do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, a conta do Tesouro a ser quitada era de R$ 948 milhões. No final do primeiro governo Dilma, estava em R$ 60 bilhões (pagos em dezembro do ano passado por determinação do TCU).
O governo alega que o aumento está relacionado ao crescimento da economia e do Orçamento no período.
No entanto, os números mostram que o valor das pedaladas em relação ao PIB oscilou entre 0,03% e 0,11% do PIB entre 2001 e 2008; a partir de 2009, cresce continuamente até chegar a 1% do PIB.
O que diz o pedido?
Dilma cometeu crime de responsabilidade ao permitir as chamadas pedaladas fiscais. A equipe do governo teria atrasado repasses a bancos públicos, que tiveram que usar recursos próprios para o pagamento de benefícios sociais como o Bolsa Família. A ação, de acordo com os juristas responsáveis pelo pedido, configura uma violação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que não permite que o governo tome “empréstimos” para financiar suas atividades. "Pedaladas foram um expediente malicioso, em que foi escondido o déficit fiscal, tranformando despesa em superávit primário. Isso é crime”, disse Miguel Reale Jr. em apresentação na Comissão Especial. "Pedaladas podem ter ocorrido em outros governos, mas foi neste que atingiram patamares exorbitantes." Outro ponto apontado pelos autores do pedido é que Dilma errou ao não registrar os passivos decorrentes das operações de crédito realizadas. “Quando se fazem os empréstimos proibidos e, além disso, não se contabiliza [as operações de crédito] se impede que um investidor, alguma autoridade aponte isso. A não contabilização das pedaladas fiscais é um plus, um algo a mais, que torna o quadro mais grave”, disse Janaina.O que diz a defesa?
As chamadas pedaladas fiscais são subvenções econômicas -- permitidas por lei -- e não operações de crédito. “Não há transferência de dinheiro do Banco do Brasil para a União”, diz o documento. De acordo com a defesa, o que houve foi um atraso nos pagamentos, sendo que as dívidas decorreram do acúmulo de saldos devidos. “Basta pensar no absurdo que seria dizer que a União celebrou uma operação de crédito com o fornecedor de material de papelaria porque não honrou o seu dever de pagar determinada quantia em dinheiro pela aquisição de borrachas, canetas e resmas de papel”.O que diz o pedido?
O governo editou decretos não numerados abrindo créditos suplementares depois de notar que a meta de superávit primária prevista na na Lei de Diretrizes Orçamentária não seria cumprida. A edição dos decretos foi feita sem a autorização do Congresso Nacional e não poderia acontecer se fossem incompatíveis com as metas estabelecidas. A prática, de acordo com os autores do pedido, ocorreu não apenas em 2014, mas continuou em 2015. "Foram alardeados superávits e metas fiscais e, quando se percebe que a situação não ia se configurar, tenta alterar. Nesse período, os projetos foram aprovados na calada da noite para corrigir a situação”, disse Janaína Pascoal, em apresentação na Comissão Especial.O que diz a defesa?
Os decretos para a abertura de créditos suplementares não implicaram em gastos excessivos e não provocaram o desequilíbrio financeiro do país. Os créditos suplementares são permitidos por lei e são “apenas espécies de ‘freios de rearranjo ou de rearrumação’" para adaptar o planejamento à realidade, ou seja, não modificam o orçamento. Na metáfora usada por Cardozo, é como mudar a lista de compras da feira sem modificar o valor que deve ser gasto ali. Sobre a forma como os créditos foram abertos — sem o envio de um projeto de lei — , a defesa alega que houve “expressa autorização legal”. Para a defesa, mesmo que a abertura dos créditos fosse ilegal, não houve dolo de Dilma (necessário para caracterizar um crime de responsabilidade), uma vez que mais de 20 técnicos participam do circuito de análise de um decreto de crédito.Pedido de Impeachment Hélio Bicudo/Reale Júnior by Rita Azevedo Defesa
Defesa Dilma Rousseff by Valéria Bretas window.onload = function(){window.parent.CKEDITOR._["contentDomReadypicture_body"]( window );}window.onload = function(){window.parent.CKEDITOR._["contentDomReadypicture_body"]( window );}