Reformas: um choque de realismo
Onde está aquele apuro todo? O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, anunciou ontem que a reforma trabalhista articulada pelo novo governo deve ficar para o fim de 2017. Junto com a reforma da Previdência, jogada para o segundo semestre de 2017, esta é a segunda alteração de calendário esta semana. Mas o recuo não é necessariamente ruim. Economistas […]
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2016 às 06h20.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h34.
Onde está aquele apuro todo? O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, anunciou ontem que a reforma trabalhista articulada pelo novo governo deve ficar para o fim de 2017. Junto com a reforma da Previdência, jogada para o segundo semestre de 2017, esta é a segunda alteração de calendário esta semana.
Mas o recuo não é necessariamente ruim. Economistas consultados por EXAME Hoje afirmam que, apesar de o mercado mostrar ansiedade, o governo precisa gastar de maneira estratégica seu arsenal político. E, dentro todas as reformas na mesa, a trabalhista é aquela com maior potencial de desgaste nas ruas. O risco, claro, é que o adiamento seja o primeiro passo para um abandono. “A reforma pode mitigar a alta do desemprego e será importante para mitigar crises futuras”, diz Sérgio Firpo, professor de economia do Insper.
A reforma da Previdência é outra pauta de articulação difícil – e, portanto, lenta. Sindicatos e partidos ligados à classe operária ainda não embarcaram na ideia e levará tempo de convencimento que transcende 2016. “É uma política sensível, que terá grande engajamento social. O governo anterior deixou uma marca de distribuir aumento real aos trabalhadores. Este governo tem que ir com calma para explicar muito bem a importância das medidas”, afirma Fábio Klein, especialista em contas públicas da Tendências Consultoria.
Neste sentido, o teto de gastos é considerado ao mesmo tempo urgente e fácil. A tramitação está adiantada e deve passar para o Senado já na primeira semana de novembro. Só falta discutir uma possibilidade de revisão da vigência, com reavaliação marcada para daqui uma década, e uma alteração da lei caso a dívida pública brasileira seja reduzida para 50% do PIB — hoje chega a 69%. Os adiamentos são um choque de realismo no governo. Falta Michel Temer e sua equipe admitirem, com todas as letras, que não dará para fazer tudo em menos de 30 meses.