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Quais são os dois caminhos que a economia brasileira pode tomar em 2020?

O ano de 2020 começa com perspectiva de mais crescimento, rompendo a lenta retomada pós-recessão. O desafio: não se acomodar e manter a agenda de reformas

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro: são necessárias reformas para a economia decolar – e a parte política pode (Fabio Vieira/FotoRua/Getty Images)
AJ

André Jankavski

Publicado em 21 de dezembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 21 de dezembro de 2019 às 09h28.

São Paulo –O Brasil está, possivelmente,diante de dois caminhos em 2020. O primeiro deve ser mais fácil: colher os frutos de uma economia que esboça vontade de crescer, deixando para trás a lenta recuperação dos últimos anos. Analistas projetam um avanço que varia de 2,5% a quase 3% em 2020. A última vez que o país teve desempenho semelhante foi em 2013.

Para um país que ainda carrega as marcas da recessão dos anos 2015 e 2016, será um alento ver a atividade econômica ganhando tração, mais empregos sendo gerados e investimentos até então adormecidos, finalmente, começarem a sair do papel. O segundo caminho pode ser árduo, mas muito mais virtuoso.

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A parte da retomada da economia seria basicamente a mesma descrita acima, mas a ela seria somada a manutenção de uma agenda de reformas fundamentais para o país do futuro. A questão que se coloca, portanto, é qual Brasil emergirá em 2020: o país que se contenta, de imediato, com um produto interno bruto um pouco mais encorpado ou o que manterá o ímpeto reformista para atacar os problemas estruturais?

O ano de 2019 foi praticamente consumido pela aprovação da reforma da Previdência , cujo texto final foi ratificado no Senado no final de outubro. O impacto fiscal com as mudanças de regras para aposentados e pensionistas foi expressivo — 855 bilhões de reais ao longo dos próximos dez anos — e pavimentou novas ambições para o governo de Jair Bolsonaro e para o Congresso.

O problema é que os interesses nem sempre são coincidentes. Depois de perder meses discutindo um novo imposto sobre transações financeiras — a “nova CPMF”, massacrada por economistas e empresários —, o governo fala agora em uma reforma tributária fatiada em quatro projetos.

Enquanto isso, no Congresso, projetos ambiciosos correm em paralelo. A pauta tributária é amplamente vista como a que tem maior potencial de estimular o crescimento no longo prazo e conta com a boa vontade dos governadores e com a atenção especial de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados. Apenas um dos projetos em análise, a proposta de emenda constitucional (PEC) número 45, elaborada pelo economista Bernard Appy, teria capacidade de gerar um crescimento acumulado no PIB de 10% nos próximos 15 anos.

Da parte do Executivo, o que está colocado na mesa no momento é o Pacote Mais Brasil, enviado ao Senado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em novembro. São três novas propostas de PECs: a dos Fundos, a Emergencial e a do Pacto Federativo. De diferentes maneiras, elas atacam o engessamento das contas públicas e contribuem para a melhora da situação fiscal.

A PEC dos Fundos, por exemplo, permitiria liberar os recursos de 248 fundos constitucionais, cuja aplicação é restrita, para o abatimento da dívida pública. A previsão da consultoria Eurasia é que a tramitação dessa PEC seja mais fácil, com aprovação ainda no primeiro semestre, enquanto a PEC Emergencial seria aprovada até o fim de 2020 e a do Pacto Federativo ficaria para 2021 — ainda que diluições sejam dadas como certas. “As lideranças partidárias entendem que é de seu próprio interesse avançar com essa agenda”, diz Christopher Garman, diretor para as Américas da Eurasia.

O protagonismo do Congresso — algo incomum na democracia brasileira — é o que deve garantir que a agenda de reformas continue a andar, porque ninguém conta com uma melhora substancial na articulação do governo. Foi assim na aprovação da Previdência e no caso do novo marco regulatório do saneamento básico, que teve aval da Câmara em dezembro e ainda precisa passar pelo Senado.

Areportagem completasobre os possíveis destinos da economia brasileira no ano que vem está na edição 1200 de EXAME, disponível nas bancas, tablets e smartphones.

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