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PT precisa entrar já na disputa eleitoral, avalia Tendências

O PT precisa rever sua estratégia de campanha à Presidência depois que os ataques de José Serra a Ciro Gomes no horário eleitoral surtiram efeitos e já refletiram nas pesquisas de intenções de voto. A avaliação da necessidade de mudança na tática petista é da Tendências Consultoria. Os ataques constantes entre Serra e Ciro beneficiam […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h40.

O PT precisa rever sua estratégia de campanha à Presidência depois que os ataques de José Serra a Ciro Gomes no horário eleitoral surtiram efeitos e já refletiram nas pesquisas de intenções de voto. A avaliação da necessidade de mudança na tática petista é da Tendências Consultoria.

Os ataques constantes entre Serra e Ciro beneficiam Lula, desde que o vitorioso nessa briga seja Ciro Gomes, candidato que pode ser mais facilmente neutralizado pelo PT no segundo turno. Para que isso se concretize, os estrategistas de Lula precisam atacar o candidato tucano.

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Para a Tendências, enfraquecer Serra é uma necessidade para o PT tentar ganhar as eleições no primeiro turno. Pois, se Serra passar para o segundo turno, os tucanos irão explorar as qualidades técnicas e de formação de seu candidato, em contraste com a falta de experiência administrativa de Lula.

Segundo a consultoria, as pesquisas Ibope e Vox Populi divulgadas na última semana, além da confirmação do Datafolha neste final de semana, devem servir de alerta para o PT. A alta de José Serra e baixa de Ciro Gomes dão sinais de que o tucano está de volta ao páreo e deve ameaçar o até então tranqüilo segundo lugar de Ciro na corrida presidencial. Pelo Ibope, Ciro perdeu 5 pontos percentuais e Serra ganhou 6, o que já coloca os dois nomes em empate técnico.

O tucano teria 17%, ainda em terceiro, e o candidato da Frente Trabalhista teria caído para 21%, mas mantendo o segundo lugar. "Diante da intensficação da concorrência entre Ciro e Serra, serão necessárias modificações na estratégia de campanha de cada um dos três presidenciáveis mais competitivos, e não apenas de Ciro Gomes e José Serra", diz Lourdes Sola, consultora da Tendências.

De acordo com o Datafolha, Ciro perdeu seis pontos percentuais e está com 20% das intenções de voto, contra 19% de Serra. O tucano subiu sete pontos percentuais em relação à última pesquisa, realizada há duas semanas. Já Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve 37% das intenções de voto e segue líder da disputa. Anthony Garotinho (PSB) tem 10%.

Confortável, pero no mucho

Na avaliação da consultoria, a disputa acirrada entre Ciro e Serra é muito positiva para Lula porque levará para o segundo turno um candidato com a imagem desgastada depois dos longos meses que antecederam o primeiro turno.

Enquanto Ciro e Serra disputam o direito de seguir adiante na corrida, Lula coloca-se numa confortável posição olímpica, acima das disputas corriqueiras e personalizadas. Para a Tendências, "Lula adquire tempo e mais maturidade para lutar contra dois estigmas que pesam sobre sua imagem: falta de credibilidade associada a seu radicalismo anterior e de competência técnica para dar soluções factíveis para as mudanças que defende".

Essa postura já vem dando resultados, segundo a Tendências. A estabilidade de Lula nas pequisas deve ser vista como uma conquista. "Sua candidatura historicamente entra em uma trajetória de queda no início do horário eleitoral gratuito. Nos períodos pré-eleitorais, principalmente pelo fato de que seu nome e suas propostas são muito conhecidas do grande eleitorado. No momento que o horário eleitoral começa, essa vantagem geralmente diminui", avalia Lourdes Sola.

Além de ser poupado na briga do primeiro turno, Lula também ganha votos de eleitores desapontados com Ciro Gomes. Esta tendência de migração verifica-se, principalmente, na população das grandes cidades e nos grupos com escolaridade média.

Se o cenário eleitoral, no entanto, fosse apenas esse, o PT não precisaria mudar "o time que está ganhando". O problema para Lula, segundo a Tendências, é o risco de enfrentar José Serra no segundo turno. Se passar por Ciro Gomes, a equipe de José Serra irá apostar na exposição das qualidades políticas do senador tucano: competência técnica, experiência administrativa, capacidade para fazer soluções saírem do papel e relativo êxito em mudanças na área social. Tudo isso contrapondo com a falta de experiência admistrativa e formação acadêmica de Lula. O mesmo roteiro usado por Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso nas três últimas eleições presidenciais.

"Por isso, é de se prever o início de uma ofensiva do PT em duas frentes: os palanques estaduais de Serra e o governo Fernando Henrique", avalia Lourdes Sola. "Já está claro que o PT busca produzir erosão nos palanques estaduais do candidato oficial, através da tática de atrair setores descontentes do PMDB, principal aliado dos tucanos no plano nacional. Essa tarefa consiste em minar, pelas bordas, a Grande Aliança, ou seja, a coligação PSDB-PMDB, "buscando acordos com os peemedebistas desafetos do governo FHC nos estados", diz a consultora da Tendências.

Os simpatizantes em potencial do PT são Maguito Vilela e Íris Rezende, em Goiás, Quércia e seus aliados, em São Paulo, e até o ex-presidente José Sarney.

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