Economia

Produtores de soja têm lucros menores que o esperado

Lucros deverão ser menores do que os esperados com congestionamentos em estradas, ferrovias e portos provocando uma queda acentuada nos preços locais


	Vista de pés de soja na cidade de Primavera do Leste no Mato Grosso
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Vista de pés de soja na cidade de Primavera do Leste no Mato Grosso (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2013 às 12h33.

São Paulo - Enquanto o Brasil comercializa a sua maior safra de soja, muitos produtores e comerciantes vão registar lucros menores do que os esperados, com congestionamentos em estradas do país, ferrovias e portos provocando uma queda acentuada nos preços locais.

Na verdade, ainda vai ser um bom ano para o setor de soja do Brasil, devido à forte demanda, com preços ainda interessantes, mas 2013 não vai ser tão favorável quanto parecia no final de 2012.

O principal culpado seria a deficitária infraestrutura do Brasil, que tem sido incapaz de lidar com a maior safra de exportação de grãos já produzida no país.

O custo adicional de várias semanas de espera para levar a soja via caminhão para os navios dos compradores aos portos congestionados aumentou tanto que o preço local da commodity despencou --os vendedores sofrem com um desconto em função dos problemas logísticos neste momento.

O preço físico da soja no Brasil normalmente cai mais rápido durante e logo após a colheita que ocorre de março a maio, em comparação com os preços na bolsa de Chicago (CBOT).

Mas este ano os preços locais caíram muito mais acentuadamente do que o contrato referência da CBOT, o que deve pegar não só os produtores parcialmente expostos, mas também aqueles no setor que concordaram em pagar os produtores no ano passado para a entrega das oleaginosa após a colheita deste ano.

"O enfraquecimento dos preços locais foi bastante acentuado... e deve causar perdas inevitáveis ​​em muitos casos", disse Pedro Marques, um economista agrícola da Esalq, da Universidade de São Paulo (USP). "É difícil de se proteger contra esse tipo de risco".

Considere Rondonópolis, uma importante região produtora de grãos por meio da qual flui a maior parte da soja de Mato Grosso, maior Estado produtor da oleaginosa no Brasil. Quando os futuros da soja em Chicago atingiram uma alta recorde em 4 de setembro e terminaram o dia em 17,71 dólares por bushel, os produtores locais vendiam a níveis próximos desse preço, a 17,34 dólares.


Mas na sexta-feira passada, o contrato spot de Chicago fechou em 14,55 dólares por bushel, enquanto que a soja de Rondonópolis havia caído para 11,11 dólares, uma diferença de 3,44 dólares por bushel, o que significaria menos dinheiro para os produtores que ainda têm soja para vender.

Vendas a prazo

Em setembro, os agricultores em Rondonópolis e no resto do Mato Grosso tinham vendido mais de 60 por cento da safra deste ano, segundo o Instituto Estatal de Economia Agrícola (Imea).

"Alguém vai ter que absorver esses custos", disse um trader de soja em uma grande empresa multinacional. "Os grandes traders são muito bons em redistribuí-los." Por diversas vezes o produtor sente o peso de uma reviravolta no mercado da soja. Pesadas vendas futuras, no entanto, devem espalhar o revés para outros operadores, que fazem negócios ou permutas no setor, incluindo fornecedores equipamentos agrícolas ou fertilizantes.

Muitos desses comerciantes definem o preço de seus equipamentos ou fertilizantes em sacas de soja ao invés de moeda no segundo semestre de 2012, quando os preços da soja disparam e os produtores locais precisam de suprimentos para plantar.

Agora, o preço à vista que eles receberão pela soja sendo entregue é bastante inferior ao que os comerciantes pagaram por ela em setembro.

Poucos anteciparam o impacto total dos problemas logísticos e a dimensão que a safra recorde do país, de 82 milhões de toneladas, teriam sobre os preços locais.

"Traders experientes sabem quando eles estão correndo algum risco, mas eu acho que é seguro dizer que as perdas neste nível de volatilidade em basis serão grandes neste ano", disse Steve Cachia na corretora Cerealpar, no Paraná.

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