Produção petroleira da Venezuela registra pior queda em 30 anos
A redução da produção da petroleira estatal venezuelana (PDVSA) coincide com diversos escândalos de corrupção na empresa
AFP
Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 18h12.
A Venezuela registrou a maior queda na produção petroleira das últimas três décadas, fechando dezembro de 2017 com 1,6 milhão de barris diários, segundo um informe da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulgado nesta quinta-feira (18).
A Opep relatou uma produção de 2 milhões de barris diários (mbd) em dezembro de 2016, uma redução de 400 mil barris em um ano.
A redução da produção da petroleira estatal venezuelana (PDVSA) coincide com diversos escândalos de corrupção na empresa, fonte de 96% das divisas do país, que levaram mais de 60 à prisão.
O presidente Nicolás Maduro designou o general Manuel Quevedo, da Guarda Nacional, à frente da PDVSA e do Ministério de Petróleo, com a promessa de empreender "uma restruturação total" da empresa e definiu como meta elevar a produção em pelo menos "um milhãozinho".
Quevedo, em entrevista à emissora Televén neste domingo, comentou que a dramática queda responde a "um bloqueio financeiro" internacional, casos de corrupção e "uma paralisação silenciosa promovida pela direita".
O ministro reconheceu que a PDVSA chegou ao nível de "produção mais baixo da história, desde a greve petroleira (de 2002)". Contudo, "já estamos perto de 1,9 milhão de barris por dia", garantiu.
Durante essa greve, que tentou pressionar pela saída do falecido ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013), a produção foi reduzida de 3 milhões a 25 mil barris por dia entre o fim de 2002 e o início de 2003.
A Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo, atingiu seu pico de produção em 1970, com 3,78 mbd. Desde então, o ponto mais baixo foi de 1,49 mbd, em 1987.
O país petroleiro, que entrou, em 2014, em uma profunda crise econômica, com grave escassez de alimentos e medicamentos, foi declarado inadimplente, bem como a PDVSA, por várias agências de classificação de risco devido a atrasos no pagamento de títulos de dívida. O governo alega que a culpa é da queda nos preços do petróleo.
Além disso, o governo dos Estados Unidos proibiu seus cidadãos de negociarem novas dívidas com a petroleira estatal e a Venezuela. O mercado dos Estados Unidos cobre 31% das exportações de petróleo da Venezuela.