Economia

Produção industrial cai 3,4% em março, diz IBGE

Os índices são positivos na comparação com março de 2002 (0,7%), no acumulado do primeiro trimestre (2,5%) e no acumulado dos últimos 12 meses (3,5%)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h19.

Em março, a produção industrial do país caiu 3,4% frente à de fevereiro, na série com ajuste sazonal. É a pior queda mensal desde maio do ano passado. Esse resultado está influenciado pelo fato de o feriado de Carnaval deste ano ter sido em março. Esse é o principal resultado da pesquisa divulgada nesta sexta-feira (9/5) pelo IBGE.

Os índices são positivos na comparação com março de 2002 (0,7%), no acumulado do primeiro trimestre (2,5%) e no acumulado dos últimos 12 meses (3,5%). Na comparação entre o primeiro trimestre de 2003 e o último de 2002, o setor caiu 1,1%.

A queda de 3,4% na comparação com fevereiro atingiu 14 dos 20 ramos e as quatro categorias de uso. As reduções mais agudas ocorreram nos ramos de: mobiliário (-22,9%), farmacêutica (-18,8%), material de transporte (-13,6%), matérias plásticas (-12,1%), bebidas (-10,8%) e vestuário e calçados (-10,7%). No corte por categorias de uso, o melhor resultado relativo é o de bens intermediários (-0,7%), único segmento com desempenho acima da média industrial. Na área de bens de capital a queda chegou aos 3,8%, mas as taxas mais negativas ficam com os segmentos de bens de consumo, cujo destino predominante é o mercado interno. Os bens de consumo semiduráveis e não duráveis caíram 5,2% e os bens de consumo duráveis, 20,2%.

Na comparação com março de 2002, o ligeiro crescimento de 0,7% é sustentado basicamente pelos desempenhos de: mecânica (9,4%) metalúrgica (7,2%), química (3,6%) e extrativa mineral (3,8%). De maneira geral, nesse grupo de indústrias destacam-se produtos mais articulados ao setor de petróleo, às exportações e à agroindústria. Na mecânica, motores diesel e tratores agrícolas; na metalúrgica, chapas de aços inoxidáveis; na química, fertilizantes, e na extrativa mineral, petróleo. Também merecem destaque, pelo ritmo de crescimento, madeira (9,0%) e fumo (17,7%).

Por outro lado, os ramos predominantemente voltados ao atendimento do mercado interno são os que apresentam as quedas mais importantes: vestuário e calçados (-15,6%), farmacêutica (-24,2%), material de transporte (-4,2%) e têxtil (-8,0%). Vale ainda destacar, pela intensidade da queda, os índices de mobiliário (-20,2%) e minerais não metálicos (-7,2%).

Esse padrão de desempenho fica mais evidente nos índices por categorias de uso. Ainda na comparação com março do ano passado, a produção de bens de consumo duráveis recua 16,4%, a de bens semi e não duráveis cai 3,1% e a de bens de capital cai 1,9%. A única taxa positiva fica com o segmento de bens intermediários (3,6%).

A forte queda assinalada na área de bens de consumo duráveis é conseqüência do desempenho negativo não só da indústria automobilística (-14,1%), mas também das reduções observadas na fabricação de eletrodomésticos (-25,6%), em especial no segmento de TV, rádio e som (-38,9%). Vários fabricantes de eletrodomésticos justificaram a queda na produção em virtude de "menor número de pedidos", sendo que há assinalações também de "férias coletivas" e "menor número de dias trabalhados". Destaca-se, ainda, a queda de 20,2% na indústria do mobiliário. A exceção no grupo de bens de consumo duráveis foi o item motocicletas, com crescimento de 10,2%.

O resultado de -3,1% no segmento de bens de consumo semi e não duráveis é conseqüência das quedas observadas em semiduráveis (-13,4%) e carburantes (-8,7%). O índice para o total da categoria só não foi mais negativo devido ao crescimento no subsetor de alimentos e bebidas para consumo doméstico (1,2%), onde se destacam os itens café solúvel e carne de bovino.

A queda de 1,9% em bens de capital deve-se à pressão negativa de produtos ligados ao subsetor de energia elétrica, como transformadores de alta tensão e máquinas síncronas, e ao subsetor de transporte, como vagões ferroviários e ônibus. O segmento de bens de capital para energia elétrica recuou 41,7% e o de equipamentos de transporte, -0,6%. A produção de bens de capital para agricultura se manteve positiva (15,6%), assim como a de bens de capital para a indústria (11,0%).

A única categoria de uso com índice positivo, bens intermediários (3,6%), cresce em vários dos seus subsetores, como insumos industriais elaborados, peças e acessórios para bens de capital, combustíveis e lubrificantes e insumos industriais básicos.

Os índices mensais de média móvel trimestral mantêm, em março, a trajetória de queda. Há redução de 1,1% no confronto entre o primeiro trimestre de 2003 e o último de 2002, e queda de 0,5% entre os trimestres encerrados em março e fevereiro deste ano. Nas mesmas comparações, a categoria com as maiores perdas é a de bens de consumo duráveis (-9,4% e -7,0%, respectivamente), seguida pela de bens de consumo semi e não duráveis (-1,5% e -0,6%, respectivamente). Bens de capital recua frente ao último trimestre do ano passado (-0,8%), mas cresce de fevereiro para março (0,7%). Já o segmento de bens intermediários mantém taxas positivas nas duas comparações (0,5% e 0,2%, respectivamente).

Já na comparação entre o primeiro trimestre deste ano e o primeiro de 2002, há aumento de 2,5%, devido às influências positivas dos seguintes ramos, por ordem de importância: mecânica (11,2%), metalúrgica (8,2%), extrativa mineral (4,8%) e material de transporte (5,4%). As principais pressões negativas vieram de: farmacêutica (-15,4%), vestuário e calçados (-8,1%), têxtil (-6,0%) e material elétrico e de comunicações (-3,0%).

Em resumo, no primeiro trimestre de 2003, o desempenho da produção é melhor nas áreas relacionadas a extração de petróleo, agroindústria e exportações. Nos segmentos voltados à demanda interna, os índices são negativos nas comparações com o primeiro e com o último trimestre de 2002.

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