Economia

Produção de vinho atinge mínima histórica no mundo – e já preocupa produtores

Na França, com o excesso da bebida, o governo incentiva produtores a converter vinho em etanol

Vinhos: produção está maior que a demanda.  (Marco Bulgarelli/Gamma-Rapho/Getty Images)

Vinhos: produção está maior que a demanda. (Marco Bulgarelli/Gamma-Rapho/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 20 de março de 2024 às 06h36.

As pessoas estão mudando seus hábitos etílicos? A Geração Z consome menos álcool? Bem, a questão é que os produtores de vinho estão preocupados com o seu negócio.

Segundo reportagem do South China Morning Post, a produção mundial de vinho atingiu uma baixa história que não se via há 60 anos. Mesmo assim, o excesso da bebida persiste, o que sugere que a demanda está caindo ainda mais rápida.

Para se ter uma ideia, segundo a Organização Mundial do Vinho, o consumo da bebida vem ficando aquém da produção pelo menos desde 1995. A Califórnia, por exemplo, está passando atualmente por "um dos piores desequilíbrios de demanda e oferta que já vimos em 30 anos", disse Stuart Spencer, diretor executivo da Lodi Winegrape Commission, no Central Valley do estado, ao SCMP.

Enquanto isso, a Austrália produziu sua menor quantidade de vinho em 15 anos na temporada 2022-23, mas continua com estoques historicamente altos, de acordo com relatório do grupo Wine Australia.

A situação varia nos grandes mercados mundiais. Na Espanha, há um excesso de oferta de tintos de Rioja, enquanto a demanda por vinho branco é alta. "Os agricultores terão problemas daqui a um ou dois anos, porque não é possível transformar tintos em brancos", disse José Luis Benítez, diretor geral do grupo do setor Federación Española del Vino,

Já o governo francês alocou inicialmente 200 milhões de euros (US$ 216 milhões) para ajudar os agricultores de todo o país com o excesso de produção. O vinho lá está sendo convertido em etanol. Bordeaux, uma das principais regiões produtoras de vinho tinto, recebeu financiamento adicional para destruir 9.500 hectares de terra.

A ação, porém, não está tendo um grande efeito. A França ultrapassou a Itália e se tornou o maior produtor de vinho do mundo em 2023.

Alguns pontos podem ser indicados para tentar explicar a situação. Além da pandemia de covid-19, que bagunçou a distribuição e a cadeia de suprimentos no mundo todo, o custo de insumos como combustível e fertilizantes subiram muito por causa da guerra da Ucrânia, que completou dois anos em fevereiro. Além disso, os prêmios de seguro estão aumento por causa das mudanças climáticas.

As pessoas também parecem estar mudando os hábitos de beber. "O vinho tinto está sentindo mais. Mais pessoas estão bebendo espumantes, rosés ou vinhos brancos de baixo teor alcoólico em vez de tintos", disse Christophe Chateau, porta-voz do Bordeaux Wine Council, ao SCMP. Os consumidores da Geração Z também estão bebendo menos álcool, o que indica um futuro desafiador para indústria.

O  setor vai precisar de ajustes, pois trata-se de um negócio, muitas vezes, que passa de geração para geração e imerso em tradições. O cultivo complexo, com longo prazo de entrega das uvas - e elas mesmas não podendo ser facilmente vendidas ou reaproveitadas - também atrapalha.

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