Por que o governo não pode cobrir rombo com reserva cambial?
Entenda porque é errada a alternativa de usar as reservas cambiais no lugar de aumentar impostos e cortar gastos
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2015 às 15h49.
São Paulo - Quase todo problema difícil tem uma solução fácil, mas errada.
Não é diferente com nosso problema fiscal. O déficit primário programado de 30 bilhões de reais para 2016 pesou para o rebaixamento de nossa nota de crédito.
Por isso o governo anunciou algumas medidas de aumento de receita e cortes de despesas: para reverter esse déficit.
Algumas almas criativas, entretanto, sugerem: aumentar impostos e cortar gastos não são necessários. Afinal, o Brasil tem em reservas cambiais o equivalente a 1,4 trilhões de reais.
Veja só esta imagem que tem circulado pelas redes sociais, por exemplo:
Essa saída é totalmente equivocada. Primeiro, as reservas são um estoque e o déficit é um fluxo. Ou seja, se o buraco de 30 milhões de reais em 2016 não for corrigido, outro buraco haverá em 2017, 2018, 2019… 2021… 2037 e por aí vai.
Mas a alma bem-intencionada, caridosa e transbordante de ideias pode dizer:
– Mas 30 bilhões de reais são um grão de areia perto de 1,4 trilhões!
E é aí que mora um erro mais importante. As reservas são um ativo do Banco Central (BC). Mas a capacidade do BC de socorrer o orçamento – abstraindo da legalidade da operação – não é dada por seus ativos, mas por seu patrimônio líquido.
Deixe-me explicar melhor:
Digamos que o João tomou emprestado 1 milhão de reais para comprar dólares. Isso significa que ele pode dispor de 1 milhão para financiar seu consumo acima de sua renda?
Certamente, não. Ele ainda tem que repagar sua dívida. João pode dispor apenas de seu patrimônio líquido – em outras palavras, a diferença entre seus ativos e dívidas – para financiar consumo acima da renda.
Pois bem. O último balanço do BC apontava patrimônio líquido de 46 bilhões de reais – isso seria suficiente para somente perto de um ano e meio de buraco fiscal…
A necessidade de ajuste continua!
São Paulo - Quase todo problema difícil tem uma solução fácil, mas errada.
Não é diferente com nosso problema fiscal. O déficit primário programado de 30 bilhões de reais para 2016 pesou para o rebaixamento de nossa nota de crédito.
Por isso o governo anunciou algumas medidas de aumento de receita e cortes de despesas: para reverter esse déficit.
Algumas almas criativas, entretanto, sugerem: aumentar impostos e cortar gastos não são necessários. Afinal, o Brasil tem em reservas cambiais o equivalente a 1,4 trilhões de reais.
Veja só esta imagem que tem circulado pelas redes sociais, por exemplo:
Essa saída é totalmente equivocada. Primeiro, as reservas são um estoque e o déficit é um fluxo. Ou seja, se o buraco de 30 milhões de reais em 2016 não for corrigido, outro buraco haverá em 2017, 2018, 2019… 2021… 2037 e por aí vai.
Mas a alma bem-intencionada, caridosa e transbordante de ideias pode dizer:
– Mas 30 bilhões de reais são um grão de areia perto de 1,4 trilhões!
E é aí que mora um erro mais importante. As reservas são um ativo do Banco Central (BC). Mas a capacidade do BC de socorrer o orçamento – abstraindo da legalidade da operação – não é dada por seus ativos, mas por seu patrimônio líquido.
Deixe-me explicar melhor:
Digamos que o João tomou emprestado 1 milhão de reais para comprar dólares. Isso significa que ele pode dispor de 1 milhão para financiar seu consumo acima de sua renda?
Certamente, não. Ele ainda tem que repagar sua dívida. João pode dispor apenas de seu patrimônio líquido – em outras palavras, a diferença entre seus ativos e dívidas – para financiar consumo acima da renda.
Pois bem. O último balanço do BC apontava patrimônio líquido de 46 bilhões de reais – isso seria suficiente para somente perto de um ano e meio de buraco fiscal…
A necessidade de ajuste continua!