Política monetária dos EUA ameaça crédito aos emergentes,diz Fed
Fluxos de capital para mercados emergentes são empréstimos bancários denominados em dólares e portanto sensíveis a mudanças monetárias dos EUA
Anderson Figo
Publicado em 7 de novembro de 2017 às 05h00.
Última atualização em 7 de novembro de 2017 às 05h00.
Os títulos e ações de mercados emergentes suportaram bem a normalização da política monetária nos EUA até agora. Mas um estudo de economistas do escritório regional do banco central americano ( Federal Reserve ) em Boston identificou outra fonte de potencial vulnerabilidade para os países em desenvolvimento.
Em sua maioria, os fluxos de capital para mercados emergentes são empréstimos bancários denominados em dólares e portanto sensíveis a mudanças monetárias dos EUA, de acordo com o estudo conduzido por Falk Bräuning e Victoria Ivashina. O relatório não apresentou implicações específicas, mas a análise dos dados "destaca o papel especial que a política monetária dos EUA desempenha na formação dos ciclos de crédito" em mercados emergentes.
Estes foram alguns dos dados citados no estudo:
- O valor que os bancos estrangeiros têm a receber em mercados emergentes mais do que triplicou, de aproximadamente US$ 2 trilhões em 2005 para US$ 7 trilhões em 2016.
- Em 2015, os empréstimos representavam metade do passivo externo dos mercados emergentes; já investimentos em carteiras de ações e títulos de dívida externa somavam cerca de 20 por cento.
- No terceiro trimestre de 2016, aproximadamente 70 por cento dos empréstimos transnacionais para países emergentes da Ásia eram denominados em dólares; essas parcelas eram de 56 por cento para os emergentes da Europa, 91 por cento no continente americano e 89 por cento na África.
"A disponibilidade de crédito bancário estrangeiro" para empresas de mercados emergentes "é fortemente vinculada à política monetária dos EUA", escreveram Bräuning, que é economista sênior do Fed de Boston, e Ivashina, acadêmica visitante. Um típico ciclo de aperto monetário "retiraria fluxos bancários dos mercados emergentes e causaria forte contração do crédito estrangeiro", segundo a dupla.