Pronunciamento em cadeia de rádio e televisão de Haddad seria uma forma de tentar atenuar o desgaste político de medidas (Diogo Zacarias/MF/Flickr/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 19h05.
O Palácio do Planalto planeja que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faça um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão para explicar o pacote de corte de gastos assim que as medidas forem anunciadas. A ideia é minimizar o impacto político de decisões difíceis, como a trava no aumento do salário mínimo.
Haddad ainda está avaliando com sua equipe se fará a gravação para ser transmitida na rede nacional. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, que também destacou que o ministro está finalizando os detalhes do pacote, com a previsão de ser anunciado até o final da semana.
O pronunciamento de Haddad em cadeia nacional de rádio e TV seria uma estratégia para atenuar o desgaste político causado por medidas de contenção de gastos. A principal mudança no pacote envolve a proposta de restrição ao aumento do salário mínimo. O novo critério de reajuste do salário mínimo passaria a ser limitado a um ganho real de no máximo 2,5% e no mínimo de 0,6% — um intervalo que corresponde ao crescimento das despesas no arcabouço fiscal.
Segundo interlocutores do governo, a intenção é conter o crescimento das despesas, preservando a sustentabilidade fiscal do país. A medida, no entanto, pode ser vista como um retrocesso em relação ao modelo anterior, que garantia ganhos reais para o salário mínimo.
O pacote fiscal, que está sendo negociado há semanas pelo governo, visa gerar uma economia de cerca de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões em 2025 e até R$ 40 bilhões em 2026, conforme apurado por pessoas próximas às discussões. Além do reajuste no salário mínimo, o pacote inclui outras medidas de austeridade, como o avanço no projeto de combate aos supersalários, que ainda depende da aprovação do Congresso.
Outras medidas também estão no radar, como o ajuste nos programas sociais, um pente-fino no Bolsa Família e no Benefício de Prestação Continuada (BPC), além de mudanças nas regras de alguns programas, como o abono salarial (PIS) e o seguro-defeso. O governo também estuda a implementação de um filtro nos programas sociais, para evitar que benefícios sejam pagos de maneira indevida.