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Análise: PIB vem acima do consenso, puxado pelo consumo das famílias, do governo e investimentos

Resultado superou as projeções do mercado e do governo. Tendência é de novas revisões de alta para geração de riquezas no país em 2024 e em 2025

O consumo das famílias acumula alta de 4,5% nos últimos quatro trimestres e é o principal motor da expansão da atividade econômica no Brasil (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 10h25.

Última atualização em 3 de dezembro de 2024 às 12h15.

O crescimento de 0,9% do produto interno bruto (PIB), mais uma vez, veio acima do consenso de mercado e do próprio governo. Nem os mais otimistas entre os economistas projetavam uma expansão tão forte do consumo das famílias, do consumo do governo e dos investimentos (formação bruta de capital fixo) entre julho e setembro de 2024.

Esses três itens, que formam os componentes da demanda do país, tiveram resultado bem acima das projeções e compensaram uma desaceleração maior da indústria e da agropecuária. Somente o setor de serviços manteve algum nível de robustez.

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O consumo das famílias registrou alta de 1,5%, os investimentos, elevação de 2,1%, e o consumo do governo, expansão de 0,8%. No mercado, os mais otimistas esperavam que o consumo das famílias tivesse alta de 1,4% e os investimentos de 1,5%.

Na prática, a melhora contínua do mercado de trabalho, com geração de empregos, e o crescimento da renda têm impulsionado o crescimento econômico. Somam-se a isso, os programas sociais turbinados e os benefícios previdenciários e trabalhistas que têm reajustes atrelados à revisão, com aumento real, do salário mínimo.

Governo comemora resultados

O resultado foi comemorado pelo governo. Em nota, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, informou que o resultado do PIB do terceiro trimestre foi superior à projeção divulgada no Boletim Macrofiscal de novembro.

"Dessa maneira, a projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 3,3%, deverá ser revisada para cima, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços", informou a pasta.

Segundo a secretaria, os resultados mostraram que a economia brasileira seguiu "em ritmo robusto de expansão mesmo com menores impulsos fiscais", impulsionada pelo desempenho da indústria de transformação e construção e pelo crescimento na prestação de serviços diversos. "Pela ótica da demanda, essa expansão se refletiu em forte expansão do consumo das famílias e, principalmente, do investimento", informou a pasta.

Pressões inflacionárias e sobre o BC

O resultado do PIB, apesar de positivo, pressiona a inflação e o Banco Central. Arnaldo Lima, economista da Polo Capital, afirmou que apesar do forte aumento na margem os investimentos acumulados nos últimos quatro trimestres registraram crescimento de 3,7%, abaixo da expansão do consumo das famílias, de 4,5%, que segue como o principal motor do crescimento econômico.

Outra fonte de pressão, segundo Lima, virá da revisão do PIB de 2023, que passou de 2,9% para 3,2%. Ele afirmou que essa mudança gerará um carregamento estatístico maior e deve influenciar positivamente as expectativas do mercado, elevando a projeção do PIB de 2024 para 3,5%.

"Esses sinais de crescimento acima do potencial econômico levantam preocupações sobre o aumento das expectativas de inflação e crescem as apostas de um ciclo mais longo de elevação da Selic, o que pode reduzir o nível de crescimento projetado para 2025", afirmou.

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, afirmou que a revisão do PIB de 2023 pressiona o reajuste real do salário mínimo em 2025 e torna ainda mais relevante a aprovação pelo Congresso, ainda neste ano, das medidas de revisão e corte de gastos.

Para Rafaela, o maior impulso fiscal desde 2023, via aumento de gastos do governo, contribuiu para o forte crescimento do PIB nos últimos dois anos. Segundo ela, o crescimento mais acelerado da economia está no radar da autoridade monetária, que deve aumentar a Selic em 0,75 ponto percentual na reunião de dezembro do Copom.

"Nos comunicados anteriores, o BC já comenta sobre o hiato estimado positivo sendo ponto de atenção, pois nesse cenário, o crescimento do consumo mantém a inflação de serviços pressionada, o que, por sua vez, gera a necessidade de maior aperto monetário via juros. Uma alternativa ao maior aperto monetário seria a redução dos gastos fiscais, o que ainda está em dúvida, mesmo após o anúncio do pacote de medidas do governo, que ainda é insuficiente", afirmou.

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