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PIB da agricultura avança, mas resultado da pecuária piora

São Paulo, 20 de maio (portal EXAME) - O Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário brasileiro cresceu 1,72% no acumulado de janeiro a fevereiro deste ano, em comparação ao igual período do ano passado. Em fevereiro, a alta foi de 0,55%. O bom desempenho foi puxado pelo resultado da agricultura: o PIB agrário cresceu […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.

São Paulo, 20 de maio (portal EXAME) - O Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário brasileiro cresceu 1,72% no acumulado de janeiro a fevereiro deste ano, em comparação ao igual período do ano passado. Em fevereiro, a alta foi de 0,55%. O bom desempenho foi puxado pelo resultado da agricultura: o PIB agrário cresceu 3,9%, com alta de 2,02% apenas no mês de fevereiro. Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (20/5) pela Confederação Nacional da Agricultura e da Pecuária (CNA).

Segundo estimativas do professor Joaquim Guilhoto, pesquisador titular do Cepea/USP e responspavel pelo cálculo dos indicadores do setor, o PIB do agronegócio nacional deverá fechar o ano em 430,48 bilhões de reais, cerca de 1,5% acima do resultado do ano passado, quando o PIB agropecuário ficou em 424,32 bilhões reais um número considerado bastante positivo.

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A pecuária, no entanto, terá uma contribuição tímida nesse resultado. O setor apresentou queda de 1,25% dos dois primeiros meses do ano. Em fevereiro, a retração foi de 1,48%. Ambos setores agricultura e pecuária - refletem o impacto dos preços dos produtos no mercado internacional: a agricultura atravessa um período de alta e a pecuária, por sua vez, de queda. Para se ter uma idéia do impacto dos preços sobre os negócios basta comparar: de janeiro a abril, a exportação de carne bovina cresceu 53%; de aves, 48,5%, e de suínos, 18,5%. Mas o preço da tonelada de carne bovina e de aves teve retração de 16% em dólar. A carne suína, de 14% - anulando os ganhos.

"O efeito da valorização do real agrava o quadro no mercado interno", diz Getúlio Pernambuco, chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Pesa também no resultado negativo da pecuária uma maior pressão dos custos dos insumos, como a ração, e dos produtos veterinários. O setor de insumos pecuarista é o único dentro desse complexo a apresentar evolução positiva, o que acusa transferência de renda do segmento pecuarista para o de insumos, na avaliação da CNA.

Esses resultados iniciais sinalizam para os agricultores mais um ano de lucratividade. A remuneração da atividade do campo deve ficar em 127,95 bilhões de reais neste ano - especificamente 75,55 bilhões de reais para a agricultura e 52,41 bilhões de reais para a pecuária. Mas a CNA salienta que a renda das lavouras neste ano é superior à do ano passado, enquanto que a renda dos pecuaristas apresenta, até o momento, tendência de redução.

O cálculo do Valor Bruto da Produção (VBP) para os 25 principais produtos da agropecuária que representa o faturamento desses setores - indica crescimento de 13,1% entre janeiro e março, na comparação com igual período de 2002. O faturamento da agricultura registra aumento de 20,5%; enquanto que a pecuária apresenta crescimento de 2,2%.

Os estudos permitem projetar que o VBP da agropecuária será de 154,2 bilhões de reais neste ano. A soja (lavoura com colheita recorde este ano) superou a pecuária de corte no volume de faturamento, e deve atingir VBP de 31,4 bilhões de reais em 2003, contra 20,9 bilhões no ano passado no ano passado.

Vaca louca no Canad

As autoridades sanitárias canadenses divulgaram na tarde desta terça-feira a suspeita de um caso de vaca louca na província de Alberta. O rebanho que teve contato com o animal está em quarentena e as autoridades aguardam os exames finais para confirmar a incidência da doença. A suspeita, porém, provocou confusão no mercado financeiro e ajudou a derrubar os preços das ações da rede McDonalds.

A doença da vaca louca surgiu na Inglaterra. Estudos indicam que teria sido desencadeada em rebanhos alimentados com rações a base de restos de animais. Milhares de plantéis foram dizimados principalmente na Europa para evitar a proliferação da doença e conter o medo que tomou conta dos consumidores. "O receito com a doença da vaca louca provocou retração no consumo de carne vermelha e impôs controles mais rígidos para alimentação do animal , diz Getúlio Pernambuco, da CNA. "A paranóia em relação à doença é compreensível."

Se por um lado a ocorrência de um caso de doença da vaca louca no Canadá é negativa para toda a pecuária mundial; por outro, abre uma oportunidade comercial que o Brasil não pode perder , afirma o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), José Olavo Borges Mendes.

A ABCZ é a maior entidade pecuária do mundo e representa cerca de 80% do rebanho brasileiro estimado em 180 milhões de cabeças. Para ele, o Brasil deve estar atento para as possibilidades de ganhar espaço da carne canadense no mercado mundial, como feito em relação à União Européia em 2000 (também por causa do surto de vaca louca) e à Argentina e ao Uruguai, em 2001, por conta dos casos de febre aftosa.

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