Petrobras deve divulgar lucro de até R$ 7,8 bi no trimestre
Para analistas, resultados são importantes, mas serão "eclipsados" pela questão da capitalização
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2010 às 11h09.
São Paulo - Ultimamente a palavra de ordem para o investidor quando o assunto é Petrobras é aguardar. Há meses o mercado espera atento a uma definição de como será o processo de capitalização da estatal visando a exploração do petróleo na camada pré-sal. E há duas semanas os acionistas aguardam a divulgação dos resultados da empresa referentes ao último trimestre de 2009. O balanço deveria ter saído no dia 26 de fevereiro, mas foi adiado para a próxima sexta-feira (19/03). Apesar do suspense, segundo os analistas ouvidos pelo Portal Exame, o resultado não deve trazer surpresas.
As seis corretoras ouvidas preveem um lucro de 6,8 bilhões e 7,8 bilhões de reais no quarto trimestre. Entre janeiro e setembro, a estatal acumulou um ganho líquido de. 20,85 bilhões de reais. Veja abaixo a previsão dos analistas:
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Corretora | Lucro Líquido (bilhões de reais) | Receita Líquida (bilhões de reais) | Ebitda (bilhões de reais) |
---|---|---|---|
Geração Futuro | 7,70 | 49,20 | 15,27 |
SLW | 6,80 | 50,00 | 14,50 |
Planner | 7,20 | 48,00 | 15,10 |
Ágora | 7,10 | 48,60 | 14,80 |
Souza Barros | 7,33 | não divulgado | 16,23 |
Wintrade | 7,80 | 48,50 | 14,20 |
O desempenho da Petrobras deve refletir o comportamento de algumas variáveis típicas do setor. "A receita vai vir impulsionada pela melhora no volume de produção e vendas no fim do ano. A ascensão do preço do petróleo e derivados também deve impulsionar a receita", diz Lucas Brendler, analista de investimentos do Banco Geração Futuro.
Os números falam por si e mostram que a variável preço deve ser decisiva nos resultados da Petrobras. No quarto trimestre de 2008, a cotação média do barril de petróleo estava em torno dos 55,5 dólares. Ano passado, no mesmo período, o preço do barril chegou a 77 dólares.
Além disso, os analistas afirmam ainda que a companhia possui atualmente um bom perfil de endividamento, com alavancagem adequada. "Além de ter obtido melhores margens em 2009, a empresa também não prevê despesas extraordinárias", destaca Luiz Octávio Broad, analista da Ágora Invest.
Apesar da expectativa antes da divulgação do balanço, os analistas enfatizam que não serão esses os dados decisivos para o rumo das ações da estatal nos próximos meses. Para fazer frente aos investimentos pretendidos para 2010, a Petrobras terá que ser capitalizada. O processo ainda tramita na Câmara dos Deputados e, para os analistas, é a principal causa do comportamento volátil que as ações da companhia têm registrado.
"Os resultados do quarto trimestre serão importante, mas devem ser eclipsados pelas questões do pré-sal. O foco nem é mais 2009, o mercado vai olhar 2010", diz o analista de investimentos da corretora Planner, Victor de Figueiredo.
Investimentos
Na última terça-feira (9/03), a Petrobras divulgou nota ao mercado informando que o valor dos investimentos previstos para 2010 ficaram em 79,5 bilhões de reais. A nota corrigiu informação divulgada um dia antes pela ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, de que os investimentos da estatal alcançariam 85 bilhões de reais neste ano.
A despeito da correção, o valor, ainda que elevado, não surpreende os analistas. "Se a quantia fosse muito mais elevada, ficaria claro que a companhia pretende aumentar sua alavancagem, e isso iria impactar nos resultados dela. Mas não é o caso", diz Erick Scott, analista de investimentos da SLW corretora.
De acordo com o analista de investimentos da Planner, Victor de Figueiredo, a Petrobras já vinha sinalizando que teria uma curva de investimentos mais forte para viabilizar seus projetos com maior agilidade. Historicamente, a companhia cumpre 90% do total de investimentos prometidos para o ano, e isso deve se repetir em 2001. "O plano de investimentos é forte, mas há indicadores de alavancagem que a Petrobras não pode ultrapassar para não perder o grau de investimento. Por enquanto, está tudo bem", diz Figueiredo.