Pastore defende política fiscal para conter câmbio
O ex-presidente do Banco Central avalia que a taxa de repasse do câmbio para o IPCA, numa estimativa "otimista", está acima de 5%
Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2013 às 14h36.
São Paulo - O ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, considera que o movimento de depreciação do real ante o dólar ocorrido recentemente pressiona a inflação . "É preciso de política fiscal e monetária para contê-la", destacou.
Ele avalia que a taxa de repasse do câmbio para o IPCA, numa estimativa "otimista", está acima de 5%. Ele estima que a Selic subirá até 9,25% neste ano. E em palestra para um público de executivos, boa parte deles do setor automotivo, ele destacou: "se preparem, pois os juros terão de subir".
Em sua avaliação a tendência é de o câmbio ficar ao redor de R$ 2,30, o que precisará de uma ação de política econômica por parte da alta da Selic e de contenção dos gastos públicos para conter o nível de atividade e reduzir as chances de os preços subirem.
Mas ele não acredita que o ajuste virá do lado fiscal, especialmente porque o governo dá sinais de que não atuará nesta frente. Portanto, o trabalho maior deve ficar para o BC conter a inflação no curto e médio prazos.
Pastore também avaliou que a ação do BC em elevar a taxa básica de juros (Selic) a partir de abril está liderando um processo de aumento da taxa real de juros no Brasil, que não deve ser tão alta como há alguns anos, mas que será mais elevada do que em 2012.
Outro componente importante que influencia a alta dos juros reais, observa o ex-presidente do BC, é a tendência de piora das expectativas de inflação dos agentes econômicos, como a medida pela pesquisa Focus, do Banco Central.
De acordo com o documento divulgado nesta segunda-feira, 5, a mediana das projeções para o IPCA, 12 meses à frente, avançou de 5,83% para 5,93%. Pastore prevê que a inflação medida pelo IPCA suba 6% em 2013 e alcance 6,5% em 2014.
Pastore avaliou que a depreciação do real ante o dólar "não é transitória." Ele destacou que esse fato esta relacionado com a migração de uma parte dos capitais que estão nos mercados emergentes para os Estados Unidos e o avanço do déficit de transações correntes no Brasil. Para ele, esse saldo negativo internacional do País deve subir de US$ 52 bilhões em 2012 para US$ 80 bilhões em 2013.
"Contudo, a depreciação do câmbio precisa ser contida pela política monetária e fiscal ou ambas", destacou. "No entanto, como o governo passa por uma crise de confiança, com as manifestações de ruas, a economia política sugere que os governantes ficam um pouco mais cautelosos para reduzir gastos", destacou.
"Eu preferiria que o ajuste viesse da parte fiscal, mas não vejo o governo mudando. O superávit primário está muito baixo e a contabilidade criativa está ativa", ponderou.
Affonso Celso Pastore participou, nesta segunda-feira, 5, do evento Automotive Business, Indústria Automobilística Planejamento 2014, em São Paulo.
São Paulo - O ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, considera que o movimento de depreciação do real ante o dólar ocorrido recentemente pressiona a inflação . "É preciso de política fiscal e monetária para contê-la", destacou.
Ele avalia que a taxa de repasse do câmbio para o IPCA, numa estimativa "otimista", está acima de 5%. Ele estima que a Selic subirá até 9,25% neste ano. E em palestra para um público de executivos, boa parte deles do setor automotivo, ele destacou: "se preparem, pois os juros terão de subir".
Em sua avaliação a tendência é de o câmbio ficar ao redor de R$ 2,30, o que precisará de uma ação de política econômica por parte da alta da Selic e de contenção dos gastos públicos para conter o nível de atividade e reduzir as chances de os preços subirem.
Mas ele não acredita que o ajuste virá do lado fiscal, especialmente porque o governo dá sinais de que não atuará nesta frente. Portanto, o trabalho maior deve ficar para o BC conter a inflação no curto e médio prazos.
Pastore também avaliou que a ação do BC em elevar a taxa básica de juros (Selic) a partir de abril está liderando um processo de aumento da taxa real de juros no Brasil, que não deve ser tão alta como há alguns anos, mas que será mais elevada do que em 2012.
Outro componente importante que influencia a alta dos juros reais, observa o ex-presidente do BC, é a tendência de piora das expectativas de inflação dos agentes econômicos, como a medida pela pesquisa Focus, do Banco Central.
De acordo com o documento divulgado nesta segunda-feira, 5, a mediana das projeções para o IPCA, 12 meses à frente, avançou de 5,83% para 5,93%. Pastore prevê que a inflação medida pelo IPCA suba 6% em 2013 e alcance 6,5% em 2014.
Pastore avaliou que a depreciação do real ante o dólar "não é transitória." Ele destacou que esse fato esta relacionado com a migração de uma parte dos capitais que estão nos mercados emergentes para os Estados Unidos e o avanço do déficit de transações correntes no Brasil. Para ele, esse saldo negativo internacional do País deve subir de US$ 52 bilhões em 2012 para US$ 80 bilhões em 2013.
"Contudo, a depreciação do câmbio precisa ser contida pela política monetária e fiscal ou ambas", destacou. "No entanto, como o governo passa por uma crise de confiança, com as manifestações de ruas, a economia política sugere que os governantes ficam um pouco mais cautelosos para reduzir gastos", destacou.
"Eu preferiria que o ajuste viesse da parte fiscal, mas não vejo o governo mudando. O superávit primário está muito baixo e a contabilidade criativa está ativa", ponderou.
Affonso Celso Pastore participou, nesta segunda-feira, 5, do evento Automotive Business, Indústria Automobilística Planejamento 2014, em São Paulo.