Economia

Para Lula, reunião da OMC foi positiva para países em desenvolvimento

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que a reunião da OMC (Organização Mundial de Comércio), realizada em Cancun, no México, foi positiva para os países em desenvolvimento. Para Lula, o século XXI será o período em que a América do Sul deixará de ser simbolizada no mundo como uma parte da pobreza. "Não […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h19.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que a reunião da OMC (Organização Mundial de Comércio), realizada em Cancun, no México, foi positiva para os países em desenvolvimento. Para Lula, o século XXI será o período em que a América do Sul deixará de ser simbolizada no mundo como uma parte da pobreza.

"Não conseguimos aprovar o que queríamos, mas não permitimos que eles [Estados Unidos e União Européia] aprovassem o que queriam que era consolidar a política de subsídios deles. Queremos uma política de comércio exterior em que possamos ser tratados com igualdade e termos oportunidade de competir livremente", disse o presidente na abertura da feira de supermercados, no Rio de Janeiro.

Para Lula, o G21 conseguiu travar uma luta comercial com os blocos desenvolvidos que são muito duros nas negociações. O presidente acredita que deva aumentar a quantidade de países em desenvolvimento como integrantes desse grupo. "Precisamos abrir todas as possibilidades que existem para os países da América do Sul, porque achamos que este século é o século em que a América do Sul deixará de ser simbolizada no mundo como uma parte da pobreza", disse Lula. "Nós temos condições de dar um salto de qualidade e eu queria só pedir para vocês uma coisa: não esperem que o governo possa fazer tudo porque vocês podem fazer muito, se assumirem a responsabilidade, a ousadia, de procurar novos espaços para os nossos produtos. Isso vale para o Brasil, vale para a Argentina, para o Uruguai, Paraguai, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e para quem quiser."

A falta de um acordo sobre a redução dos subsídios agrícolas na reunião de Cancún, no México, coloca a Organização Mundial do Comércio (OMC) em "xeque", afirma o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Um dos integrantes da comitiva brasileira na cúpula que terminou neste domingo (14/9), em Cancun (México), Rodrigues disse que o vem acontecendo na OMC "é uma espécie de procrastinação (adiamento) da efetiva discussão dos assuntos". Segundo ele, embora a equipe técnica do organismo multilateral venha trabalhando de forma "adequada", os países desenvolvidos não têm se importado com as atividades da OMC.

Para o ministro da Agricultura, a criação do G-21, grupo liderado pelo Brasil, é emblemática. "Pela primeira vez, um grupo poderoso de países liderou e se articulou de maneira consistente a partir de uma ação do Brasil. O fato foi visto no mundo inteiro como a grande novidade da OMC. Foi a grande vedete", disse ele. O G-21 representa mais da metade da produção agrícola do planeta e também mais de 50% da população mundial, já que China e Índia fazem parte desse conjunto.

Rodrigues acredita que a firme resistência do G-21, contra os subsídios agrícola,s foi o principal motivo para impedir a imposição da vontade dos países desenvolvidos. "Isso não pode ser desprezado", disse ele.

O ministro observou, por exemplo, que, no México, os Estados Unidos levaram um verdadeiro exército de negociadores ocupando-se "cada um de um país ou grupo de paises", para negociações bilaterais ou multilaterais. O ministro lamentou a falta de recursos humanos e financeiros para agir dessa forma, mas, ao mesmo tempo, mostrou-se entusiasmado para que o Brasil possa agir no sentido de treinar um número maior de pessoas. Ele também convocou o setor privado para dar a sua parcela de contribuição e fazer parte desse esforço. "Só assim vamos poder aumentar as negociações bilaterais. Só assim teremos a grande possibilidade de avanço de mercado."

Com a falta de acordo em Cancun, as decisões passam a ser encaminhadas para a sede da OMC, em Genebra (Suíça). A primeira reunião já está marcada para para dezembro para tratar do assunto. "O OMC vai fazer uma esforço gigantesco em nome da própria sobrevivência para que as negociações de "Doha" terminem dentro do prazo." A reunião de Doha, Catar, aconteceu em novembro de 2001 e a conclusão do que foi acertado deveria acontecer em dezembro do próximo ano. "Mas, agora, o jogo de forças mudou com o surgimento do G-21", disse o ministro.

Os 146 países presentes ao encontro dariam seqüência às metas definidas há dois anos em Doha. Com a falta de conclusão, provavelmente não será obedecida a data limite para a liberalização do comércio internacional, estabelecida para o dia 1 de janeiro de 2005.

Além da questão agrícola, menina dos olhos do Brasil e de outros países exportadores, mal chegou a ser discutida de maneira ampla. As conversas desandaram quando Europa e os países da ACP (África, Caribe e Pacífico) discordaram sobre os quatro itens de Cingapura regulação das concorrências, investimentos, maior acesso das multinacionais aos mercados e transparência em contratos governamentais.

A Europa chegou a abrir mão dos dois primeiros temas, concorrências e investimentos gesto interpretado pelo grupo dos exportadores agrícolas, como o Brasil, como uma concessão a ser relembrada pela União Européia quando a questão agrícola fosse posta à mesa. Mesmo assim, os países da ACP forçaram para que os dois restantes saíssem da pauta e, então, não houve acordo. Ministros do Quênia e da Uganda deixaram o local e encerraram a reunião, já que pelas normas da OMC tudo deve ser acertado em consenso. Não há consenso porque as diferenças são enormes. Nos veremos novamente em dois anos , encerrou George Odour Ong wen, da delegação do Quênia.

Boa parte dos analistas de política e economia concorda que a Europa deixou passar a hora certa de ceder na negociação, talvez porque dava como certa a possibilidade de a reunião se estender até a noite de segunda-feira. Especialistas em negócios acreditam que a União Européia insistia nos temas de Cingapura para, uma vez derrubados, justificar que já teria feito concessões demais para ainda fazer ceder na questão dos subsídios agrícolas.

Pouco antes da saída dos africanos, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, advertiu que um fracasso como o que aconteceu em Seattle, em 1999, poderia colocar a OMC em xeque. Se voltamos para casa de mãos vazias, os países em desenvolvimento saem no prejuízo e haverá dúvidas sobre o futuro da organização , disse. Amorim acredita que o erro dos países ricos foi subestimar a resistência dos mais pobres. Já Robert Zoellick, representante dos Estados Unidos em Cancun, sustenta que o colapso se deve ao fato de que muitos países queriam tirar mais vantagens do processo do que exatamente negociar. Os ministros da OMC devem se encontrar na Suíça em 15 de dezembro. As informações são da Agência Brasil.

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