Economia

Para ativista, biopirataria prejudica indústria de alimentos

A ativista de defesa da sustentabilidade ambiental e justiça social indiana  Vandana Shiva acredita que um dos grandes problemas da indústria alimentícia é a biopirataria praticada por grandes corporações. A física indiana, conhecida como “salvadora de sementes”, conta que uma companhia do Texas [EUA] disse que inventou o arroz basmati, que é típico de sua […]


	A física indiana conta que uma companhia do Texas disse que inventou o arroz basmati, típico de sua região
 (China Photos/Getty Images)

A física indiana conta que uma companhia do Texas disse que inventou o arroz basmati, típico de sua região (China Photos/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2016 às 09h29.

A ativista de defesa da sustentabilidade ambiental e justiça social indiana  Vandana Shiva acredita que um dos grandes problemas da indústria alimentícia é a biopirataria praticada por grandes corporações.

A física indiana, conhecida como “salvadora de sementes”, conta que uma companhia do Texas [EUA] disse que inventou o arroz basmati, que é típico de sua região.

“Fizemos uma campanha em que as pessoas mandavam cartões-postais para o departamento de patente dos Estados Unidos falando que eles tinham que ser chamados de departamento de pirataria".

Vandana citou também a patente de uma espécie de trigo que não causa reação em quem tem alergia ao glúten, "fruto de evolução genética e seleção natural combinadas e praticadas desde as nossas avós” e a patente sobre a semente de soja transgênica, muito utilizada no Brasil.

A ativista veio ao Brasil participar do Primeiro Festival Internacional da Utopia, organizado pela prefeitura da Maricá, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, em parceria com movimentos sociais.

O evento começou na quarta-feira, com a participação de ativistas, intelectuais, políticos e artistas para debater os desafios do planeta e termina amanhã (26).

Abraço em árvores

Na década de 70, Vandana participou do movimento Mulheres de Chipko (abraço), no Himalaia, quando mulheres se abraçavam às árvores para evitar a derrubada das florestas.

“Nós fomos mostrar que as árvores não são só metros cúbicos de madeira. Depois que teve uma grande enchente, as autoridades viram que as mulheres tinham razão”.

Segundo Vandana, "a natureza não é só a nossa casa, mas a nossa família", e precisa ser preservada. "Nasci no Himalaia, assim como as florestas daqui foram cortadas e levadas para a Europa, as de lá foram levadas para a Inglaterra”, disse, explicando a importância das árvores para a preservação do solo, das águas e para a limpeza do ar.

Agroecologia

Vandana também destacou a importância da agroecologia para a saúde das pessoas e do planeta. "Não precisa de veneno, propina nem grandes corporações. Só precisa do nosso conhecimento e da terra. 75% da destruição da água e da ecologia é por causa da agricultura comercial e 75% das doenças de hoje estão relacionadas à comida doente”.

A ativista diz que treinou mais de 1 milhão de agricultores para a prática e que "comida de verdade só vem da terra e do carinho dos agricultores". “Hoje almocei maravilhosamente bem na feira de agroecologia do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]. Isso é comida de verdade. Através da comida de verdade vamos resgatar a veia da vida, recuperar nossa democracia."

Desenvolvimento Agrário

O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rosseto, que exerceu o cargo entre 2003 e 2006 e depois em 2014, acompanhou a palestra e destacou que as políticas públicas para a agricultura familiar foi fundamental para incluir os pequenos produtores rurais, do campo e da floresta, como parte do sistema produtivo do país

"A partir desse diálogo forte desde 2003, um conjunto importante de políticas públicas foi sendo criado. O Pronaf [Programa Nacional de Agricultura Familiar] é o mais conhecido, que é o crédito. Hoje são R$ 30 bilhões. As políticas de seguro agrícola, de preço mínimo, programas de compra governamentais para escolas, por exemplo, que foram estimulando essa produção, melhorando a renda desses agricultores, estimulando através da assistência técnica, especialmente a partir da agroecologia, um processo de melhoria na qualidade da produção", disse.

Rosseto lamentou o fim do ministério pelo governo interino e destacou o reconhecimento internacional das políticas públicas na área desenvolvidas pelo Brasil, como pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

“Mais do que acabar com um ministério, é acabar com um projeto de nação integrada, interior e cidades, centros e periferia, rural e urbano”.

O presidente interino Michel Temer vinculou as ações ligadas à agricultura familiar à Casa Civil depois da extinção do Ministério de Desenvolvimento Agrário. Representantes da Frente Nacional de Luta no Campo e Cidades reuniram-se com Temer no início deste mês e pediram, entre outras reivindicações, a recriação do ministério.

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