Panorama pós-Copa leva Dilma a tomar medidas contra declínio
Desaceleração econômica voltou ao centro da cena, renovando as dúvidas sobre a capacidade da presidente de conquistar um segundo mandato
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2014 às 17h33.
Brasília - A euforia pela Copa do Mundo acabou e a desaceleração econômica do Brasil voltou ao centro da cena, renovando as dúvidas sobre a capacidade da presidente Dilma Rousseff de conquistar um segundo mandato nas eleições de outubro.
Duas pesquisas publicadas desde 17 de julho mostram que sua vantagem frente ao desafiador Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), está se reduzindo depois que a organização da Copa no Brasil entre 12 de junho e 13 de julho aumentou seu apoio.
Sua liderança sobre Neves em um possível segundo turno caiu dentro da margem de erro em ambas as pesquisas pela primeira vez, o que significa que a concorrência é apertada demais para determinar um vencedor.
Embora as pesquisas mostrem que os eleitores desejam uma mudança nas políticas do governo à medida que o crescimento desacelera a e inflação acelera, Dilma pode se gabar de uma redução da pobreza e conta com mais tempo de propaganda na televisão, bem como o apoio do seu mentor e antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, para frear o declínio do seu apoio, disse Mauro Paulino, diretor executivo da empresa de pesquisas Datafolha.
“Ela ainda tem muitos trunfos na manga”, disse Paulino, cuja empresa mostrou que a liderança de Rousseff se reduziu em uma pesquisa realizada em 15 e 16 de julho, em entrevista por telefone. “Esta eleição continua totalmente aberta”.
A pesquisa da Datafolha concluiu que Rousseff obteria 44 por cento dos votos em um segundo turno contra Neves, que reuniria 40 por cento.
A brecha de quatro pontos porcentuais se compara com uma diferença de sete pontos porcentuais em uma pesquisa da Datafolha realizada em 1 e 2 de julho e cai dentro da margem de erro de mais ou menos dois pontos porcentuais.
Panorama econômico
Durante boa parte do mandato de Dilma, uma economia em desaceleração foi contida pela crescente criação de empregos e pela demanda de consumo. Dados publicados no mês passado mostram que isso está mudando.
Na semana passada, o governo disse que a economia criaria cerca de 1 milhão de empregos neste ano, frente a seu prognóstico prévio de até 1,5 milhão.
A confiança do consumidor medida pela Fundação Getúlio Vargas, instituição de educação e pesquisa com sede no Rio de Janeiro, está perto do seu nível mais baixo em cinco anos. Em junho, as vendas de carros caíram 17 por cento em relação há um ano.
A inflação anual, que não está no centro da meta dentre 2,5 por cento e 6,5 por cento desde a posse de Dilma, ultrapassou o teto pela primeira vez em um ano em junho.
Economistas consultados em 18 de julho reduziram suas previsões de crescimento do PIB para 2014 pela oitava vez consecutiva para 0,97 por cento. O PIB se expandiu 2,5 por cento no ano passado.
‘Mais futuro’
Com a pesquisa da Datafolha mostrando que quase três de cada quatro brasileiros desejam que o próximo governo adote políticas diferentes, o partido de Dilma realizou campanhas publicitárias prometendo uma mudança sem riscos caso ela seja reeleita.
Seu slogan de campanha é “Mais Mudanças, Mais Futuro”.
Neves promete expandir e melhorar a eficiência de programas de previdência social como a iniciativa de transferência de dinheiro Bolsa Família, além de garantir que o Brasil superaria o crescimento lento e a inflação acima da meta que estão corroendo a renda de trabalhadores e famílias.
Diferentemente dos EUA, onde as campanhas começam quase um ano antes das eleições, a corrida eleitoral no Brasil não começa de verdade nem captura a atenção do público até dois meses antes da votação em 5 de outubro, disse Carlos Manhanelli, consultor de marketing eleitoral em São Paulo.
Isso aumenta a influência potencial dos anúncios, disse ele.
O ex-presidente Lula, que saiu do cargo como o líder mais popular desde a volta da democracia ao Brasil em 1985, se compromete a fazer campanha por Dilma.
Embora ele tenha negado várias vezes que tomaria seu lugar como candidato se ela não se saísse bem nas pesquisas, Paulino, da Datafolha, disse que ele conseguiria atrair muitos eleitores em nome dela.
“Lula ainda é o maior decisor eleitoral do País”, disse Paulino.