Economia

Onda de cortes na projeção do PIB do Brasil em 2020 ganha força

Barclays, Citibank, BNP Paribas e MUFG Brasil revisaram para baixo as suas estimativas na última semana

Brasil: padrão da retomada não é animador (Golden_Brown/Getty Images)

Brasil: padrão da retomada não é animador (Golden_Brown/Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de fevereiro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 20 de fevereiro de 2020 às 08h46.

São Paulo - Vem ganhando força uma onda de cortes das previsões de crescimento da economia brasileira em 2020.

Só na última semana, os bancos Barclays, Citibank, BNP Paribas e MUFG Brasil revisaram para baixo as suas estimativas, se somando a um grupo que já contava com UBS, JP Morgan e Santander.

A tendência também apareceu no último Boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central para medir as expectativas do mercado, onde a projeção para o PIB este ano foi de 2,3% para 2,23%.

As revisões ameaçam repetir um fenômeno que vem desde 2017. As projeções começam o ano apontando um crescimento de 2% e depois são cortadas sucessivamente até chegar ao patamar de 1%.

Veja as revisões na tabela:

Previsão anteriorPrevisão atual
MUFG Brasil2,8%2,2%
UBS2,5%2,1%
Santander2,3%2,0%
Barclays2,3%2,1%
Citibank2,2%2,1%
BNP Paribas2,0%1,5%
JP Morgan2,0%1,9%
BNP Paribas2,0%1,5%

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou na segunda-feira que o governo não vê razão para alterar a sua projeção, hoje em 2,4%.

Outras instituições financeiras também estão mantendo suas projeções, como o Itaú Unibanco, que prevê crescimento de 2,2% em 2020.

De acordo com uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Bank of America, 90% dos investidores ficariam decepcionados se o crescimento do PIB não atingisse sequer 1,5%, enquanto metade se frustraria mesmo com um resultado abaixo de 2%.

Razões

As revisões mais recentes tem duas raízes principais. A primeira é que os dados de atividade do final do ano passado vieram mais fracos do que o esperado, incluindo a prévia do PIB divulgada pelo BC.

A segunda é a incorporação nos modelos do impacto da epidemia de coronavírus sobre a economia chinesa, que absorve 30% das exportações brasileiras.

"O coronavírus tem impacto em três frentes: reduz exportações do Brasil, diminui a renda do setor exportador por causa da queda dos preços das commodities e pode trazer problemas de produção em alguns setores", disse Carlos Pedroso, economista sênior do MUFG Brasil.

O BNP Paribas, o mais pessimista, cortou sua projeção de crescimento da economia chinesa neste ano de 5,7% para 4,5%.

Além da questão externa, já no início do ano o banco notava que a recuperação da economia brasileira avançava em duas vias, cada uma com uma velocidade diferente.

Pela “pista expressa”, vão as regiões menos dependentes do setor público, crescendo a uma taxa anual de 2,5% ou mais. Pela “pista local” vão as demais, praticamente estagnadas em uma taxa anual de 0,5%.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoeconomia-brasileiraPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE