O Brasil tem bilhete premiado na mão. A dúvida é se vamos queimá-lo, afirma Ricardo Amorim
Em entrevista ao UM Brasil, economista avalia que país tem oportunidade para aproveitar cenário global e atrair investidores
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Publicado em 8 de julho de 2023 às 08h01.
Para Ricardo Amorim, economista e CEO da Ricam Consultoria Empresarial, o Brasil é uma ótima oportunidade para investidores estrangeiros. "Tem uma série de fatores históricos e externos que neste momento favorecem demais o Brasil. Temos um bilhete premiado na mão. Se vamos queimá-lo ou não, eu não sei. Um dos pontos principais é o cenário geopolítico: o Brasil é o único país grande emergente de risco baixo", avalia ele em entrevista ao Canal UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.
Para além da oportunidade externa, o país enfrenta desafios internos. Segundo Amorim, a reforma tributária em tramitação no Congresso segue por um caminho preocupante por não resolverem problemas estruturais do país, além de representarem um risco ao principal setor da nossa economia.
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“A reforma reduz, em R$ 500 bilhões, a carga sobre a indústria quando acaba com o efeito do imposto em cascata [cumulatividade]. Isso é ótimo, pois a participação e o tamanho da indústria em relação à economia brasileira vêm reduzindo, em comparação à indústria global, em partes devido à nossa estrutura tributária", diz.
Apesar desse ganho, o especialista faz um alerta: "O problema é como isso está sendo bancado: R$ 20 bilhões de impostos serão jogados para a agropecuária, e R$ 480 bilhões para o setor de serviços e comércio — que representam a maior parte dos empregos existentes e da economia brasileira. Isso terá impacto negativo sobre emprego e renda de quem trabalha nesse setor, que é também o que mais ‘apanhou’ durante e no pós-pandemia. Isso vai jogar a economia e o setor que mais contrata para baixo”, afirma Amorim.
Na entrevista conduzida por Thais Herédia, o economista argumenta que, do jeito que está, essa reforma não resolve os problemas das injustiças tributária e social e da desigualdade social entre quem está nos setores público e privado — e ainda prejudica a maior fonte de emprego do país.
Segundo Amorim, a melhor forma de contornar isso seria, primeiro, tratar da reforma administrativa e da extinção dos programas governamentais que beneficiam os mais ricos, os quais não deveriam existir. “Isso liberaria quase R$ 1 trilhão para redução de imposto, reduzir ainda mais sobre a indústria sem jogar a carga nos outros setores.”
Reforma administrativa
No bate-papo, ele ainda pondera que todos no país pagam impostos que beneficiam especificamente um grupo que está recebendo mais. “O Brasil pode ser dividido entre cidadãos de primeira e segunda classes. Quem está no setor privado é de segunda classe. Quem está no setor público tem direito à aposentadoria com regalias que não existem no setor privado, bem como um salário médio que, para a mesma função, mesma experiência e mesma formação, é o dobro do pago no setor privado. O tratamento precisa ser igual”, reforça o economista.