Economia

Novas exceções geram dúvidas sobre o valor da alíquota do IVA

Em tom professoral e munido de folhas de papel com as siglas dos impostos, Randolfe disse que hoje os tributos que serão substituídos pela reforma equivalem a uma alíquota de 34,4%

A PEC 45 altera a tributação dos impostos que incidem sobre o consumo e cria um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

A PEC 45 altera a tributação dos impostos que incidem sobre o consumo e cria um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 9 de novembro de 2023 às 08h51.

As novas exceções criadas pelo Senado trouxeram mais incertezas sobre o tamanho da alíquota do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA) criado pela reforma. Durante a votação, nesta quarta, 8, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), subiu à tribuna para responder às críticas do líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), que dissera no plenário que a alíquota seria a mais alta do mundo.

"Farinha pouca, meu pirão primeiro. Quem teve condições de gritar e brigar, fazer o lobby funcionar, está contemplado com exceções, aqueles que não tiveram essa forma serão obrigados a ter a maior carga tributária, pasmem senhores, a maior do mundo" atacou Marinho.

Em tom professoral e munido de folhas de papel com as siglas dos impostos, Randolfe disse que hoje os tributos que serão substituídos pela reforma equivalem a uma alíquota de 34,4%.

A última previsão do Ministério da Fazenda é de que a alíquota poderia ir para 27,5%, mas a estimativa foi feita antes das alterações feitas na reta final da votação. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) essa alíquota colocaria o Brasil no topo do ranking mundial, acima da Hungria, a primeira colocada, com 27%. Braga afirmou que vai pedir um novo estudo à Fazenda sobre a alíquota.

A PEC 45 altera a tributação dos impostos que incidem sobre o consumo e cria um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), substituindo o ICMS dos Estados e o ISS dos municípios; e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), em substituição de PIS, Cofins e IPI, que são federais.

Imposto seletivo

Um terceiro tributo, o Imposto Seletivo (IS), também conhecido como "imposto do pecado", incidirá sobre produtos danosos à saúde e ao meio ambiente. O Senado incluiu na lista o IS-Extração, que incidirá sobre a extração de recursos não renováveis, como minério e petróleo; e a Cide, tributo que já existe, poderá incidir sobre importação, produção ou comercialização de bens que concorram com itens produzidos na Zona Franca de Manaus.

Também foi criada uma contribuição sobre produtos que integram a pauta de exportação dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará.

Transição

A reforma entrará em vigor por partes para os consumidores. Em 2026, a CBS começa com uma alíquota de teste de 0,9%, e de 0,1% para o IBS. No ano seguinte, em 2027, o PIS e Cofins - dois tributos federais - serão finalmente extintos. A transição do IBS será mais lenta e só terminará em 2033.

O prazo da transição é um dos alvos dos críticos da reforma, que argumentam que as empresas terão de conviver por vários anos com uma quantidade de impostos dobrados. A queixa é de que a reforma não simplifica, mas troca "seis por meia dúzia".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava ausente das negociações diretas da reforma, entrou em campo na reta final e recebeu senadores para uma reunião no Palácio do Planalto. E foi um dos defensores da manutenção dos incentivos fiscais a montadoras do Nordeste.

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