Economia

Credores privados afastam o fantasma de um calote da Grécia

A reestruturação é considerada vital para evitar que o país se declare em "default" no dia 20 de março

A troca da dívida grega é uma condição para a entrega da ajuda de 130 bilhões de euros por parte da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (Louisa Gouliamaki/AFP)

A troca da dívida grega é uma condição para a entrega da ajuda de 130 bilhões de euros por parte da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (Louisa Gouliamaki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2012 às 21h22.

Atenas - Com uma adesão na operação de troca da dívida grega em mãos de credores privados "superando 85%", a Grécia afastou o fantasma de um default desordenado do país, o que permitiu a Atenas dar continuidade a maior estruturação de dívida soberana do mundo, garantindo o resgate e evitando um calote imediato.

A reestruturação é considerada vital para evitar que o país se declare em "default" no dia 20 de março diante da impossibilidade de honrar 14,4 bilhões de euros em obrigações que vencem nesta data.

Os resultados devem ser anunciados oficialmente às 06H00 GMT (03H00 Brasília) de sexta-feira. O ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, deve conceder uma entrevista coletiva após uma teleconferência com seus colegas da zona do euro.

A troca da dívida grega é uma condição para a entrega da ajuda de 130 bilhões de euros por parte da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional para salvar a Grécia da quebra.

Agora falta ver se a Grécia ativará as cláusulas de ação coletiva (CAC) que obrigam a minoria de credores que se negaram a participar voluntariamente da operação a fazê-lo. Isto suporia uma participação de "cerca de 90%", segundo uma fonte governamental.

A eventual decisão de ativar as CAC será examinada conjuntamente por Atenas e sues parceiros da zona euro numa teleconferência prevista para a manhã desta sexta-feira (12H00 GMT).


A TV estatal Net estimou que se as CAC forem ativadas Atenas poderá trocar até 197 bilhões em títulos do total de 206 bilhões em jogo para esta operação sem precedentes destinada a reduzir o peso da dívida grega dos atuais 160% do PIB para 120,5% em 2020.

Entre os grandes bancos que oficializaram a adesão estão o Deutsche Bank, HSBC, BNP Paribas, Société Générale, Dexia e os gregos Banco Nacional da Grécia, Alpha Bank e Eurobank.

Além das grandes instituições, o restante da dívida grega está disperso entre centenas de fundos de investimento, fundos de risco (hedge funds) ou pequenos bancos que ainda não se manifestaram publicamente.

Da reestruturação da dívida grega, depende a liberação de um pacote de créditos da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) de cerca de 130 bilhões de euros.

Espera-se que neta sexta-feira, o Eurogrupo, que reúne os ministros de Finanças, dê instruções para o repasse da ajuda milionária, a segunda que receberia a Grécia em menos de dois anos.

O FMI anunciou que seu conselho de administração se reunirá, provavelmente, no próximo dia 15 para examinar a ajuda a ser concedida à Grécia.

A perspectiva de uma operação bem-sucedida foi acompanhada de altas significativas nas bolsas europeias e em Wall Street, assim como uma valorização do euro e a alta dos preços do petróleo.

A taxa de desemprego da Grécia chegou a alcançar, em dezembro, um recorde histórico. A desocupação ficou em 21%, contra 20,9% de novembro, informou o instituto de estatísticas Elstat.

O corte de gastos imposto pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional para tentar salvar o país de um calote vem causando a falência de várias empresas, contribuindo para o aumento do contingente de desocupados.

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