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Mundell defende corte de impostos para empresas americanas

Nobel também recomenda a criação de uma moeda mundial para transações entre países

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2009 às 12h13.

Se o governo de Barack Obama decidir aumentar os impostos das empresas para equilibrar as contas públicas, cometerá um grande erro. A avaliação é do economista americano Robert Mundell, prêmio Nobel de 1999. Mundell defende uma forte redução de impostos para as companhias americanas – dos atuais 35% para 15%. “Se isso acontecer, as empresas dirão ‘oba’ e o índice Dow Jones vai se recuperar rapidamente” afirmou, durante o EXAME Fórum, realizado pela Revista EXAME nesta segunda-feira (11/5), em São Paulo.

No entanto, Mundell assinala que Obama parece inclinado a tomar o outro sentido. “Obama está indo na direção errada em relação aos impostos. Este é o maior erro do programa de recuperação”, disse. Para o economista, isto vai retardar a reação americana. Para Mundell, o problema atual das companhias é de “deficiência de lucro” e, por causa disso, os investimentos demorarão a voltar. E podem ser ainda mais retardados se os impostos sobre as pessoas jurídicas subirem ou, pelo menos, se mantiverem no mesmo patamar.

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“As perspectivas para a economia americana são moderadas. Provavelmente, a recuperação não será forte”, disse. Mundell não acredita que o mercado imobiliário ou o setor automotivo terão a mesmo força que tinham antes da crise para ajudar a expandir a economia dos Estados Unidos.

“Maior erro”

Mundell também lembrou a falência do Lehman Brothers como “o grande erro do Fed (banco central americano) e do Tesouro dos Estados Unidos”. Segundo o economista, a instituição era grande demais para falir. Para ele, a quebra da instituição americana cortou um incipiente processo de recuperação que parecia se desenhar após a intervenção no Bear Stearns. “O Lehman Brothers era quatro vezes maior”, afirmou.

Mundell lembrou que os bancos centrais de todo o mundo já haviam injetado bilhões de dólares no sistema financeiro, antes que o Lehman ruísse. A escassez de liquidez havia se transformado em uma crise de inadimplência, mas, quando o banco americano faliu, a demanda por recursos voltou a explodir.

Mundell comparou a falência do Lehman à situação de um marinheiro embriagado que, em vez de cair no mar, foi atirado pelo seu capitão. “O capitão do Fed o jogou na água; ele não caiu sozinho”, diz.

Moeda comum

Para Mundell, a retomada do crescimento passa pela estabilização da paridade dólar/euro. Segundo o economista, se essa relação for estável, poderá servir como uma âncora para o sistema econômico mundial. “Se você não tiver uma taxa fixa, não terá nada, porque terá de conviver com flutuações de 40% para cima ou 50% para baixo, por exemplo”, diz.

Mundell afirma que “pode ser um pouco tarde” para adotar um sistema de paridade. Mas acredita que será necessária uma nova rodada de programas de recuperação mundial. E, então, isso poderia ser discutido. Ele sugeriu a participação de outros países, como a China e o próprio Brasil, na criação de uma espécie de moeda mundial, que serviria de referência para o comércio. Mundell reconheceu a resistência dos europeus em abrir mão de sua moeda em prol de uma nova divisa, mas afirmou que não se trata de “sucatear o euro”, mas de criar uma opção. Do mesmo modo que o inglês é o segundo idioma de qualquer um que queira negociar no mercado global, essa moeda internacional seria usada fora das fronteiras. “É importante que os emergentes discutam isso”.

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