Angela Merkel: "a cúpula da UE de hoje e amanhã deixará claro que estamos prontos a qualquer momento para introduzir medidas da fase três se houver um agravamento da situação" (Krisztian Bocsi/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2014 às 09h11.
Berlim - Líderes da União Europeia pretendem demonstrar, numa cúpula que começa nesta quinta-feira, a disposição de intensificar as medidas punitivas à Rússia, incluindo sanções econômicas politicamente delicadas, por causa da anexação da Crimeia, disse a chanceler alemã, Angela Merkel, ao Parlamento do seu país.
Nas últimas semanas, Merkel endureceu a posição contra a Rússia por causa das ações na Ucrânia, país do qual a Crimeia decidiu se separar para se integrar à Rússia.
"A cúpula da UE de hoje e amanhã deixará claro que estamos prontos a qualquer momento para introduzir medidas da fase três se houver um agravamento da situação", afirmou ela ao Bundestag.
A UE já impôs restrições de viagens e congelamento de ativos a pessoas apontadas como responsáveis pela ocupação russa da Crimeia. A escalada das sanções envolveria a ampliação das restrições, passando em seguida para sanções comerciais e financeiras mais amplas.
Merkel também sinalizou que o G8 --grupo de grandes países industrializados-- poderá expulsar a Rússia.
A Alemanha, maior economia europeia, tem estreitas relações econômicas com a Rússia, seu principal fornecedor de gás, e algumas empresas temem sofrer prejuízos com eventuais sanções.
Reiterando a opinião de que a anexação da Crimeia viola o direito internacional, Merkel alertou para outras consequências a Moscou.
O formato do G8, grupo que inclui a Rússia, está efetivamente morto enquanto o impasse diplomático permanecer. A Rússia ocupa atualmente a presidência do grupo e será anfitriã de uma cúpula em junho, em Sochi.
"Enquanto não houver clima político para um formato importante como o do G8, como é o caso no momento, o G8 não existe mais, nem a cúpula nem o formato como tal." Os EUA e seus aliados do G7 se reunirão na semana que vem em Haia, sem a Rússia, para avaliar outras possíveis respostas às ações na Crimeia.
Merkel, que diz ainda desejar uma solução diplomática para a crise, também questionou se as consultas anuais entre os governos da Alemanha e Rússia, programadas para acontecerem no mês que vem em Leipzig, serão mantidas.
Na quarta-feira, pela primeira vez desde o agravamento da crise, o governo alemão interveio publicamente em atividades comerciais com a Rússia, ao exigir que a empresa bélica Rheinmetall suspendesse a entrega de equipamentos de simulação de combate à Rússia.