Economia

Mercosul sem presidência por tempo indeterminado, diz fonte

Fonte afirma que o Mercosul continuará sem presidência até mudança na situação da Venezuela


	Mercosul: Uruguai, que ocupava a presidência pro tempore do Mercosul, entregou há uma semana o cargo, em uma tentativa de forçar Brasil, Paraguai e Argentina a aceitarem a presidência venezuelana
 (Norberto Duarte/AFP)

Mercosul: Uruguai, que ocupava a presidência pro tempore do Mercosul, entregou há uma semana o cargo, em uma tentativa de forçar Brasil, Paraguai e Argentina a aceitarem a presidência venezuelana (Norberto Duarte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2016 às 22h38.

Brasília - O Mercosul continuará sem presidência por tempo indeterminado, enquanto diplomatas dos países do bloco, que se reuniram nesta quinta-feira em Montevidéu, tentam encontrar uma fórmula para não paralisar completamente o grupo até que haja alguma evolução na situação da Venezuela, disse à Reuters uma fonte próxima às negociações.

O Uruguai, que ocupava a presidência pro tempore do Mercosul, entregou há uma semana o cargo, em uma tentativa de forçar Brasil, Paraguai e Argentina a aceitarem a presidência venezuelana, mas os três países se recusaram.

Desde então, o bloco está acéfalo e nenhuma proposta foi aceita até agora pelo governo uruguaio.

"O Uruguai concordou que se tem de encontrar uma solução para que funcione o Mercosul, mas são os mais resistentes a qualquer solução política", disse a fonte.

Foram encaminhadas até agora as propostas de passar a presidência diretamente para a Argentina, próxima da fila, e a de deixar a coordenação do bloco para um conselho de ministros das Relações Exteriores.

Mas as propostas não foram aceitas pelo Venezuela e, consequentemente, pelo Uruguai, que condiciona seu apoio à concordância venezuelana. Sem uma posição unânime, segue o impasse.

Os diplomatas reunidos na capital uruguaia concluíram que se deve tentar levar informalmente questões técnicas do bloco e que não podem ser paralisadas, como a revisão de tarifas e a adoção de regulamentos, entre outros temas, sem o envolvimento do lado político do bloco, ou seja, de ministros e presidentes.

A maneira de por em prática essa engenharia ainda não foi definida, mas alternativas foram levantadas e serão levadas às chancelarias, disse a fonte, para serem tratadas novamente em uma reunião no final deste mês. Toda a formatação do bloco é feita para que seja dirigido pela cúpula de presidentes, mas não há vedação para que decisões sejam tomadas fora disso.

No entanto, convocações de reuniões, por exemplo, devem ser feitas pela secretaria do Mercosul, determinada pelo país que o preside no momento. O encontro desta quinta-feira, por exemplo, foi feito sem qualquer apoio da estrutura do Mercosul – com sede em Montevidéu – porque o governo uruguaio afirmou que não tinha mais o poder de fazê-lo.

Uma proposta inicial é que a situação seja tocada em nível técnico e quase informalmente até o final do ano, quando acabaria o período de presidência da Venezuela. Mas sem ter ocupado a presidência, nada impede que o governo de Nicolás Maduro continue a pressionar para assumir o cargo, disse a fonte.

A expectativa dos diplomatas de Brasil, Argentina e Paraguai é que, de alguma forma, a situação venezuelana se resolva, disse a fonte.

Seja por mudanças na postura do governo de Maduro, que poderia cumprir as normas do bloco – entre elas, a democrática, marcando o referendo revogatório e soltando o que chanceleres classificam de “prisioneiros políticos” – , seja por uma deterioração da situação do país a ponto do Uruguai desistir de brigar pela Venezuela.

“A situação da Venezuela não é estável. Do jeito que ela está não dá. Ou revertem a situação, entra nos eixos e voltam a se comportar como deve, cumprindo as regras do Mercosul ou vai chegar em um ponto que nem o mais ferrenho defensor vai ficar”, avaliou a fonte.

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