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Mercado ignora crise política e compra R$ 3,4 bilhões em títulos

Mais do que o prazo de emissão, taxa de remuneração abaixo do esperado foi bem recebida por economistas

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

Os investidores ignoraram a crise política e compraram 3,4 bilhões de reais cerca de 1,5 bilhão de dólares em títulos da dívida pública denominados Global BRL 2016. A emissão, referendada em reais, é a primeira do tipo realizada pelo governo brasileiro. Embora empresas privadas e mesmo o Banco Interamericano de Desenvolvimento já tenham realizado operações semelhantes, o resultado da emissão, concluída nesta segunda-feira (19/9) pelo Tesouro Nacional, foi bem recebido pelos economistas.

Liderada pelos bancos Goldman Sachs e JP Morgan, com participação do Itaú, os papéis vencem em 5 de janeiro de 2016 e atendem ao desejo do governo de alongar o perfil da dívida pública, hoje bastante concentrada no curto e médio prazo até três anos. As empresas privadas que realizaram emissões semelhantes obtiveram prazos bem menores de vencimento (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre como o país está mais forte contra crises).

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Mas foi a taxa de retorno aceita pelos investidores o que mais impressionou os analistas. O mercado esperava algo em torno de 14% ao ano, mas a operação saiu por um cupom (remuneração) de 12,50% ao ano. Como os papéis foram colocados no mercado ao preço de 98,636% de seu valor de face, o yield (taxa de retorno total) ficou em 12,75% ao ano. "O yield abaixo do esperado mostra o apetite dos investidores pelos papéis brasileiros", diz Rachel Fleury, economista da consultoria Tendências. A demanda pelos títulos chegou a quatro vezes a oferta.

Perspectivas positivas

Numa emissão em moeda local, o risco cambial é assumido pelo comprador dos papéis. Mas nem isso afastou o interesse dos investidores. "Mesmo com a desvalorização esperada para o real, a emissão é um bom negócio", afirma Rachel.

O que estimulou os investidores, segundo a economista, foram os números positivos da economia e as perspectivas de que o país sobreviverá sem muitos arranhões à crise política na qual o governo Lula se debate. "Se os investidores estivessem preocupados com a política, teriam pedido uma remuneração maior", afirma a economista. "Mas o quadro político não teve absolutamente nenhum efeito sobre a captação".

A captação faz parte da estratégia do governo de antecipar o cronograma de emissões de 2006. Para honrar compromissos do próximo ano, o Tesouro precisa captar 9 bilhões de dólares no exterior. Além da operação encerrada hoje, o governo já havia obtido outros 1 bilhão de dólares.

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