Mansueto defende privatizações e mudança tributária para fomentar receita
Secretário do Tesouro disse que o Brasil não registrará mais superávits primários no governo Bolsonaro, como era esperado antes da crise do coronavírus
Reuters
Publicado em 24 de junho de 2020 às 13h17.
Última atualização em 24 de junho de 2020 às 13h18.
O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse nesta quarta-feira que o país precisa acelerar seus projetos de privatização e concessões no curto prazo e também focar mudanças em regimes tributários especiais, para lidar com a queda das receitas, duramente abaladas pela retração da atividade econômica, que pode chegar a 7% neste ano segundo o secretário.
Em live promovida pelo Citi, Mansueto afirmou que o país não voltará a registrar superávits primários neste governo, como era a expectativa antes da crise do coronavírus, principalmente por causa da queda das receitas.
Ele destacou que, enquanto o aumento das despesas públicas por medidas voltadas ao enfrentamento da crise será concentrado neste ano, as receitas demorarão a se recuperar.
"Antes da crise estávamos esperando que até o final deste governo teríamos superávit primário, e esse não é mais o caso. Não pelos gastos, mas muito mais pelas receitas, como você vai ter o PIB caindo 6%, 7% este ano, você perde receitas este ano e no próximo também", disse Mansueto.
"Se você não fizer nada do lado da receita, provavelmente você não terá superávits primários até o final do próximo governo, isso é muito longo, não podemos aceitar isso."
Para o secretário, que está deixando o governo no próximo mês, o governo precisa acelerar as privatizações em 2021 e 2022, com destaque à da Eletrobras, e também alterar regimes especiais, como os que permitem deduções "que não fazem sentido" no pagamento de imposto de renda.
Mansueto reiterou que considera a reforma tributária a mais importante no momento atual e que vê o Congresso mobilizado de forma inédita em torno do debate. Ele se disse otimista com a possibilidade de o governo aprovar pelo menos parte de uma reforma no próximo ano.
Em 2020, Mansueto disse que o país deve fechar o ano com um déficit primário em torno de 11% do PIB e um déficit nominal de 15% a 16% do PIB. A dívida bruta ficará em torno de 95% do PIB, enquanto a dívida líquida chegará a 65%, 66% do PIB, estimou.