Economia

Liquidez internacional e economia em ordem reduzem o risco Brasil

Apetite dos investidores por papéis de países emergentes, alta gradual dos juros nos Estados Unidos e bom desempenho das contas públicas melhoram a confiança nos títulos do Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h37.

O mercado internacional encerra o ano mais confiante no Brasil. Um dos sinais mais expressivos foi a constante redução do risco-país, que bateu em 392 pontos nesta sexta-feira (17/12). A nota é a segundo menor da história e só perde para os 337 pontos registrados em outubro de 1997.Os bons sinais da economia brasileira e o cenário externo favorável ajudaram a melhorar o otimismo dos investidores em relação ao país.

"Houve melhora em todos os fundamentos macroeconômicos do Brasil", afirma a economista-chefe do Banco Espírito Santo (BES), Sandra Utsumi. Entre os destaques, está a obtenção de um superávit primário acima do acertado no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o saldo positivo das exportações e a queda da relação dívida/PIB. "O risco-país acompanha tudo isso", diz Sandra.

O cenário externo também ajudou, principalmente porque não se verificou nenhuma alta brusca da taxa de juros dos Estados Unidos - principal temor dos países emergentes, que poderiam perder a atratividade para os papéis americanos. Coerente com o discurso que sustentou durante todo o ano, o Federal Reserve (o banco central americano) adotou uma política de ajuste gradual dos juros, o que contribuiu para manter o apetite dos investidores pelos países em desenvolvimento.

O Brasil foi um dos principais beneficiados pela liquidez de recursos dirigidos para os emergentes. "O país respondeu por cerca de 30% das negociações de títulos soberanos de nações emergentes neste ano", afirma o economista Alex Agostini, da consultoria GRC Visão, uma parceria entre a Global Invest e a RC Consultores.

Histórico

As incertezas sobre o que seria o governo de Luiz Inácio Lula da Silva fizeram o risco-país explodir em 2002, atingindo o recorde em 22 de setembro (2 443 pontos). O desempenho fez com que o ano encerrasse com um risco médio de 1 367 pontos, bem acima da média dos 862 pontos registrada entre 1998 e 2001, segundo Agostini.

Em 2003, a adoção de uma política econômica conservadora, sustentada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, começou a desfazer a desconfiança dos investidores e o risco-país encerrou o ano com uma nota média de 833 pontos.

A tendência de queda se manteve neste ano. Conforme Agostini, o risco médio de 2004 deve ficar em 550 pontos. "O Brasil continuou fazendo a lição de casa nos últimos meses", afirma Agostini. Para o economista, um dos principais destaques foi a queda da relação dívida/PIB neste ano, a primeira desde 1994. No ano passado, a relação foi de 58,7%. Agora, deve fechar dezembro em 54%.

Expectativas

A redução do risco deve continuar no próximo ano. Segundo Sandra, do BES, as projeções mais otimistas indicam que a nota brasileira pode baixar para 350 pontos nos próximos 12 meses. Esse patamar nem lembra o recorde de dois anos atrás, quando o risco Brasil bateu em 2 443.

Já Agostini estima que, sem graves crises internacionais ou domésticas, o risco-país médio deve continuar caindo e encerrar o ano em 450 pontos. A estimativa é favorecida pela tendência de redução da desconfiança internacional durante o primeiro semestre do próximo ano. O risco deve subir, porém, em algum momento do segundo semestre, puxado pelas contínuas elevações da taxa de juros americana. Por isso, apesar de uma média menor projetada para 2005, Agostini calcula que o risco alcance o fim do próximo ano em 500 pontos, "no máximo".

O risco-país é medido pelo Embi (Emerging Markets Bond Index), elaborado pelo banco americano JP Morgan. O indicador apura o prêmio que os países emergentes devem oferecer para os investidores internacionais, a fim de serem mais atraentes que os títulos americanos, considerados de risco igual a zero.

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