Economia

Líderes europeus falam em "caos" e "revolução" na Grécia

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu e Angela Merkel, chanceler alemã, levantam espectro de agravamento da tensão social na Grécia

Manifestante em confronto com polícia em Atenas, na Grécia, na última quarta-feira (15/07) (Milos Bicanski/Getty Images)

Manifestante em confronto com polícia em Atenas, na Grécia, na última quarta-feira (15/07) (Milos Bicanski/Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de julho de 2015 às 17h35.

São Paulo - Apesar do novo acordo, dos pagamentos ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e ao BCE (Banco Central Europeu) e da reabertura parcial dos bancos, a situação na Grécia continua longe de qualquer normalidade.

Tanto que alguns líderes europeus já falam abertamente sobre consequências políticas graves e o risco da ascensão do extremismo na Europa.

Um deles é Donald Tusk, ex-primeiro ministro da Polônia que hoje preside o Conselho Europeu - notório por impedir que os chefes de estado deixassem a sala quando as negociações entre Alemanha entraram em colapso na semana passada. 

Em entrevista ao Financial Times, ele disse que se preocupa com o contágio político e ideológico da crise, mais do que o financeiro, e que a aliança entre extremismos sempre precedeu tragédias na Europa:

“Para mim, a atmosfera é um pouco similar ao período pós-1968. Posso sentir, talvez não um clima revolucionário, mas algo como uma impaciência generalizada. Quando a impaciência se torna não um sentimento individual mas uma experiência social, essa é a introdução para revoluções".

Na semana passada, a jornalista e ativista canadense Naomi Klein, conhecida por sua crítica ao capitalismo global, participou do movimento #IssoÉumGolpe no Twitter e perguntou:

"Será que vão agir de forma chocada e inocente quando os gregos votarem pelos neo-nazistas da próxima vez?".

É uma referência ao partido de extrema-direita Golden Dawn ("Aurora Dourada"), até pouco tempo marginal e hoje a terceira maior força política da Grécia com uma plataforma anti-Europa, anti-imigração e anti-democracia.

Na última quarta-feira, alguns dos protestos mais violentos desde o início da crise tomaram a praça na frente do Parlamento em Atenas.

Na ocasião, estavam sendo discutidas as medidas exigidas pela Europa para desbloquear os recursos de resgate (e que acabaram aprovadas).

Bombas de petróleo e fogos de artifício foram atirados por grupos de manifestantes encapuzados em direção à polícia, que respondeu com gás lacrimogênio.

Na sexta-feira, a chanceler alemã Angela Merkel falou aos deputados do Bundestag, o Parlamento alemão, para pedir a aprovação da ajuda à Grécia:

"A alternativa a este acordo não seria um "intervalo" do euro, e sim um previsível caos".

Alguns economistas e investidores defendem uma tese provocativa: é a Alemanha e não a Grécia que deveria deixar o euro. 

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