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Juros indicam chance de Selic cair em 2013 após ata do Copom

O BC, na visão do mercado, deu a entender que a retomada econômica não será suficiente para adicionar pressão à inflação

Copom: a última reunião do Comitê trouxe duas importantes mudanças que levaram o mercado de juros a eliminar as possibilidades de elevação da Selic em 2013 (Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 18h20.

São Paulo - A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom ) trouxe duas importantes mudanças que levaram o mercado de juros a eliminar as possibilidades de elevação da Selic em 2013, passando a indicar, inclusive, que pode haver uma retomada do relaxamento monetário no próximo ano.

Ao dizer que o nível de utilização da capacidade instalada se encontra abaixo da tendência de longo prazo e alterar o patamar do dólar, de R$ 2,05 para R$ 2,10, sem mexer nas projeções de inflação, o Banco Central, na visão do mercado, deu a entender que a retomada econômica não será suficiente para adicionar pressão à inflação.

O resultado dessa leitura se reflete na queda das taxas futuras ao longo de toda a curva a termo, em meio a volume expressivo.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato para julho de 2013 (372.040 contratos) cedia para 6,89%, de 7,03% no ajuste de quarta-feira. Já o juro para outubro de 2013 (29.025 contratos) recuava para 6,85%, de 7,04% no ajuste. O contrato futuro de juros com vencimento em janeiro de 2014 (1.030.525 contratos) marcava 7,87%, ante 7,10% no ajuste.

O contrato para janeiro de 2015 (310.065 contratos) estava em 7,38%, de 7,59% na véspera. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (171.130 contratos) indicava 8,30%, de 8,51%, enquanto o DI para janeiro de 2021 (6.245 contratos) apontava 9,06%, ante 9,24% no ajuste.

"A queda se aprofundou na meia hora final do pregão, quando os investidores foram fazer os ajustes finais e deram origem a ordens de stop loss que derrubaram ainda mais as taxas. O viés do mercado é mesmo de baixa, mas está havendo algum exagero devido a esse fator técnico", ponderou um operador, destacando que as taxas mais curtas já indicam chance de a Selic terminar 2013 abaixo do atual patamar.


No documento, o BC manteve o discurso usado no comunicado que acompanhou a decisão de manter a Selic em 7,25% ao ano na semana passada, mesmo em um cenário que contempla um dólar mais elevado e retomada da atividade. Segundo o texto, os diretores entendem que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear.

O economista-chefe do M. Safra, Marcelo Fonseca, afirmou que a autoridade monetária deixa transparecer que vê a economia brasileira retomando o crescimento no próximo ano, mas muito gradualmente. O documento do Copom também observa que o nível de utilização da capacidade instalada se encontra abaixo da tendência de longo prazo. "Ou seja, está contribuindo para a abertura do hiato do produto e para conter pressões de preços", comentaram os diretores do BC.

Em meio a essas alterações, alguns economistas passaram a apostar que a Selic possa ser reduzida já no primeiro semestre de 2013. Ontem, após o corte da TJLP e o aumento dos recursos para o PSI, o mercado de juros já começou a indicar viés baixista para o juro básico no próximo ano. Em nota, o Barclays lembrou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já anunciou uma nova rodada de estímulos fiscais e acredita que a autoridade monetária vai seguir na mesma toada, com dois cortes de 0,50 ponto porcentual (nas reuniões do Copom em janeiro e março), levando a taxa Selic para 6,25%.

No que tange à inflação para o próximo ano, o governo deve mesmo fazer todo o possível para garantir a redução média de 20,2% das tarifas de energia - e o consequente alívio para o IPCA -, a despeito da não adesão de todas as empresas às novas regras de renovação das concessões. Nesta quinta-feira, durante lançamento do Programa de Investimento em Logística do setor portuário, a presidente Dilma Rousseff informou que o Tesouro Nacional irá bancar a redução do custo de energia elétrica no País para cobrir a diferença gerada pela não adesão das concessionárias dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Sem a compensação do Tesouro, a redução média das tarifas seria de 16,7%.

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São Paulo - A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom ) trouxe duas importantes mudanças que levaram o mercado de juros a eliminar as possibilidades de elevação da Selic em 2013, passando a indicar, inclusive, que pode haver uma retomada do relaxamento monetário no próximo ano.

Ao dizer que o nível de utilização da capacidade instalada se encontra abaixo da tendência de longo prazo e alterar o patamar do dólar, de R$ 2,05 para R$ 2,10, sem mexer nas projeções de inflação, o Banco Central, na visão do mercado, deu a entender que a retomada econômica não será suficiente para adicionar pressão à inflação.

O resultado dessa leitura se reflete na queda das taxas futuras ao longo de toda a curva a termo, em meio a volume expressivo.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato para julho de 2013 (372.040 contratos) cedia para 6,89%, de 7,03% no ajuste de quarta-feira. Já o juro para outubro de 2013 (29.025 contratos) recuava para 6,85%, de 7,04% no ajuste. O contrato futuro de juros com vencimento em janeiro de 2014 (1.030.525 contratos) marcava 7,87%, ante 7,10% no ajuste.

O contrato para janeiro de 2015 (310.065 contratos) estava em 7,38%, de 7,59% na véspera. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (171.130 contratos) indicava 8,30%, de 8,51%, enquanto o DI para janeiro de 2021 (6.245 contratos) apontava 9,06%, ante 9,24% no ajuste.

"A queda se aprofundou na meia hora final do pregão, quando os investidores foram fazer os ajustes finais e deram origem a ordens de stop loss que derrubaram ainda mais as taxas. O viés do mercado é mesmo de baixa, mas está havendo algum exagero devido a esse fator técnico", ponderou um operador, destacando que as taxas mais curtas já indicam chance de a Selic terminar 2013 abaixo do atual patamar.


No documento, o BC manteve o discurso usado no comunicado que acompanhou a decisão de manter a Selic em 7,25% ao ano na semana passada, mesmo em um cenário que contempla um dólar mais elevado e retomada da atividade. Segundo o texto, os diretores entendem que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear.

O economista-chefe do M. Safra, Marcelo Fonseca, afirmou que a autoridade monetária deixa transparecer que vê a economia brasileira retomando o crescimento no próximo ano, mas muito gradualmente. O documento do Copom também observa que o nível de utilização da capacidade instalada se encontra abaixo da tendência de longo prazo. "Ou seja, está contribuindo para a abertura do hiato do produto e para conter pressões de preços", comentaram os diretores do BC.

Em meio a essas alterações, alguns economistas passaram a apostar que a Selic possa ser reduzida já no primeiro semestre de 2013. Ontem, após o corte da TJLP e o aumento dos recursos para o PSI, o mercado de juros já começou a indicar viés baixista para o juro básico no próximo ano. Em nota, o Barclays lembrou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já anunciou uma nova rodada de estímulos fiscais e acredita que a autoridade monetária vai seguir na mesma toada, com dois cortes de 0,50 ponto porcentual (nas reuniões do Copom em janeiro e março), levando a taxa Selic para 6,25%.

No que tange à inflação para o próximo ano, o governo deve mesmo fazer todo o possível para garantir a redução média de 20,2% das tarifas de energia - e o consequente alívio para o IPCA -, a despeito da não adesão de todas as empresas às novas regras de renovação das concessões. Nesta quinta-feira, durante lançamento do Programa de Investimento em Logística do setor portuário, a presidente Dilma Rousseff informou que o Tesouro Nacional irá bancar a redução do custo de energia elétrica no País para cobrir a diferença gerada pela não adesão das concessionárias dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Sem a compensação do Tesouro, a redução média das tarifas seria de 16,7%.

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