Economia

Juro é o mais baixo desde 1994, mas taxas devem subir

Por Fernando Nakagawa Brasília - O juro médio cobrado nos financiamentos das pessoas físicas caiu para 42,7% ao ano em dezembro, o nível mais baixo desde 1994, segundo a série estatística do Banco Central (BC). Apesar disso, a perspectiva do mercado de crédito é de início de alta dos juros nos próximos meses, dizem analistas. […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.

Por Fernando Nakagawa

Brasília - O juro médio cobrado nos financiamentos das pessoas físicas caiu para 42,7% ao ano em dezembro, o nível mais baixo desde 1994, segundo a série estatística do Banco Central (BC). Apesar disso, a perspectiva do mercado de crédito é de início de alta dos juros nos próximos meses, dizem analistas.

Na média entre todas as operações realizadas em dezembro de 2009, incluindo pessoas físicas e empresas, o juro caiu de 34,9% para 34,3% ao ano, a segunda taxa mais baixa da série. Mas números divulgados hoje pelo BC mostram que, diante da perspectiva de aumento do juro básico da economia, a taxa Selic, os bancos estão pagando cada vez mais caro para obter dinheiro no mercado.

O chamado custo de captação sobe ininterruptamente desde setembro. A alta deve se refletir em juros mais altos ao consumidor nos próximos meses. Algumas operações "menos seguras" pelos bancos - como o financiamento de loja e o crédito pessoal - já estão mais caras. O crédito nas lojas subiu 3 pontos porcentuais entre novembro e dezembro, para 54,8% ao ano. No crédito pessoal, o juro avançou 0,8 ponto, para 44,4% ao ano.

Em dezembro, os bancos pagaram, na média, 10% ao ano para captar dinheiro junto aos investidores. Quatro meses antes, o custo era de 9,1%. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, admitiu que a alta tem relação direta com a trajetória dos juros no mercado futuro, segmento que tem sido pautado pela expectativa de alta da Selic. Para a maioria do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve começar a elevar o juro em abril.

"É quase consenso no mercado financeiro que a Selic começará a subir em breve. Isso afeta a taxa de captação dos bancos. As taxas ao consumidor irão parar de cair em breve e devem ter um aumento em seguida", diz o professor de finanças do Insper São Paulo Ricardo José de Almeida. O custo de captação sobe porque o investidor que tem dinheiro disponível só repassa para o banco se receber juro condizente com a previsão para a Selic. Para o mercado, a Selic deve subir dos atuais 8,75% ao ano para 11% até dezembro.

Altamir Lopes minimizou a trajetória da taxa de captação paga pelos bancos e a possível alta dos juros ao consumidor. Para ele, os números ainda mostram "um movimento pontual" e a expectativa oficial é que há chance de alguma redução adicional nas taxas ao consumidor. "A redução da inadimplência abre espaço para que o juro caia. Não será no mesmo ritmo observado nos últimos meses porque já estamos em um piso", disse. O espaço para corte do juro, diz Altamir, vem do chamado spread bancário, que é a margem que o banco cobra nos empréstimos. Para ele, ainda há "gordura" para queimar no spread que subiu fortemente no ápice da crise.

 

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Moody’s eleva nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1 e mantém perspectiva positiva

Comércio paulista cresce 14,3% nos primeiros oito meses de 2024

Lista de ‘bets’ regulares está passando por análise criteriosa, diz secretário

Congresso tem de votar lei que indenize passageiro por atraso ou cancelamentos de voo, diz executivo