Economia

Investidores individuais dobram participação na Bovespa em cinco anos

Os investidores individuais já são maioria na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Segundo o superintendente de Relações Institucionais, José Roberto Mubarack, o número de negócios realizados por pessoas físicas já representa 60% do total. Em termos financeiros, eles já movimentam cerca de 30% do giro total. Há cinco anos, eram responsáveis por 15%. […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

Os investidores individuais já são maioria na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Segundo o superintendente de Relações Institucionais, José Roberto Mubarack, o número de negócios realizados por pessoas físicas já representa 60% do total. Em termos financeiros, eles já movimentam cerca de 30% do giro total. Há cinco anos, eram responsáveis por 15%. Mubarack não especifica qual a contribuição do programa de popularização da Bovespa para a evolução dessas estatísticas. O programa Bovespa vai até você completa dois anos no próximo dia 1º e uma trajetória de visitas a fábricas, academias, teatros e até a praias. "Os números, no entanto, falam por si", diz o superintendente.

O crescimento dos clubes de investimento (condomínio de pessoas físicas que se organizam para investir juntas na Bolsa) pode ser considerado como resultado do Bovespa vai até você. "Nosso trabalho tem sido forte na criação dos clubes, a forma mais fácil de os investidores terem o primeiro contato com o mercado de capitais", afirmou o superintendente. Desde setembro de 2002, o número de clubes pulou de 480 para 820.

A busca por novos investidores chegou em um momento de debandada das empresas. Desde 2001, quando o programa foi lançado, 17 empresas ingressaram na Bolsa. No mesmo período, 73 fizeram o caminho contrário. Ao se observar os últimos 10 anos, verifica-se que quase um terço das empresas desistiram e se retiraram do pregão.

Para a diretora de Relações com Empresas, Maria Helena Santana, a saída das empresas não afugenta os investidores porque "o que eles procuram são bons negócios". "Várias das empresas que saíram da Bolsa já estavam em decadência. Ficaram empresas sólidas, bons investimentos", diz Maria Helena.

Missão: mais empresas no pregão

A missão traçada pela Bovespa para 2004 é estimular a abertura de capital. A diretora de Relações com Empresas explica que o grande obstáculo para a oferta de novas ações está no desempenho da economia. "O plano depende 100% da trajetória do Brasil. Se o país crescer 3%, as empresas vão desengavetar os seus projetos", afirma.

A tendência de queda na taxa de juros básica da economia e a recuperação dos preços das ações no ano passado ajudam mas não garantem o ingresso de novas empresas no mercado de capitais. A avaliação do presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Alfried Plöger, se baseia no fato de uma organização de capital aberto possuir muitas obrigações - como a contratação de auditoria externa e a publicação periódica de demonstrativos e comunicados - e um grande concorrente no Brasil: os juros reais que "ainda estão muito altos".

"Por isso, os investidores ainda preferem as aplicações de renda fixa, que podem dar mais segurança e até permitem a programação do resgate", afirma Plöger. Estudos mostram que o retorno médio anual proporcionado pelo Ibovespa entre 1995 e 2002 ficou perto dos 16%. Já os juros pagos pelo Certificado de Depósito Bancário (CDI), que baliza o rendimento dos fundos de investimento de renda fixa, foram de 25% ao ano.

De acordo com Plöger, 96% da poupança dos brasileiros vai para alguma aplicação de renda fixa. Reverter essa relação e conquistar o crescimento do mercado de capitais são dois grandes desafios. "O esforço existe. Mas não é fácil", afirma o presidente da Abrasca.

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