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Indústria marítima vê crise mundial afetar o setor no pós-pandemia

Pesquisa da consultoria Marsh mostra as principais preocupações e os anseios dos executivos da indústria marítima

Rota Bioceânica: saindo do Porto de Santos, em São Paulo, com destino ao polo portuário do norte do Chile (Germano Lüders/Exame)
GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 5 de dezembro de 2020 às 09h02.

Para os executivos seniores da indústria marítima, a principal preocupação do setor em um futuro de 10 anos, pós-pandemia, está relacionada ao potencial do impacto e da probabilidade de uma crise econômica global. Também há o temor do agravamento de tensões geopolíticas entre as potências mundiais.

As preocupações aparecem em uma pesquisa internacional da consultoria de riscos e corretora de seguros Marsh, feita em parceria com o Fórum Marítimo Global, ao qual EXAME teve acesso com exclusividade. As entrevistas com executivos dos seis continentes foram realizadas entre abril a agosto deste ano e compilados agora. Dos participantes, 54% são executivos-chefes e 49% são armadores/operadores.

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"A pesquisa escuta os anseios da indústria marítima. Ela aponta os riscos, qual a probabilidade disso acontecer e como o setor está preparado para enfrentar. Uma pandemia não estava no radar de ninguém nos últimos anos e começou a fazer parte da resposta”, explica Paulo Guerreiro, diretor de Portos e Terminais da consultoria de riscos Marsh Brasil.

Sob o olhar da pandemia de covid-19, pesquisa revela que a indústria marítima não está preparada com as transformações mundiais que a doença causou na sociedade e das transações comerciais. Os entrevistados também acreditam que não há preparo da indústria marítima com uma possível crise econômica global, muito mesmo para lidar com a tecnologia autônoma, ou a falha na redução das mudanças climáticas.

Em um outro ponto da pesquisa, os executivos acreditam que em 10 anos a indústria marítima vai precisar se preocupar também com novas regulamentações para diminuir os impactos do setor ao meio ambiente.

73% dos entrevistados acham que a pandemia torna a tensão geopolítica mais provável. Particularmente, uma escalada do conflito entre os Estados Unidos e a China.

Paulo Guerreiro ainda explica que globalmente o transporte marítimo de cargas caiu durante a pandemia, mas que no Brasil o movimento foi um pouco diferente. “A gente teve uma queda no começo da covid-19, mas depois aumentou muito, puxado pelas exportações, favorecidas pelo câmbio vantajoso ao produtor brasileiro”, diz.

BR do mar

No Brasil, uma das grandes apostas do governo federal ainda em 2020 é votar o projeto da cabotagem. Também conhecido como BR do Mar, a proposta trata da a navegação entre portos do país, reduzindo custos de logística.

A matéria, que tem como objetivo facilitar e ampliar essa modalidade de transporte, está trancando a pauta do plenário, o que significa que outros projetos não podem avançar enquanto ela não for votada. Mas ainda há resistência.

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