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Inadimplência diminuiu rentabilidade dos bancos, diz BC

Diretor de Fiscalização do Banco Central espera que a inadimplência caia no segundo semestre

Inadimplência registrou 3,7% em junho, ante 3,4% em dezembro de 2011 (Marcelo Calenda/EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2012 às 17h27.

São Paulo - A redução da rentabilidade dos bancos registrada no primeiro semestre está mais associada ao aumento de inadimplência do que à queda dos juros, segundo Anthero Meirelles, diretor de Fiscalização do Banco Central . A expectativa do BC é que a inadimplência caia no segundo semestre.

“Estamos em um processo de queda da taxa de juros, mas ainda não observamos nada no que diz respeito à rentabilidade dos bancos”, disse Meirelles. Para o diretor, com taxas mais baixas, há um estímulo maior ao mercado de crédito. “O sistema vai se adaptar, investir em sua principal atividade, no mercado de crédito e, quero crer, essa será uma redução que no geral vai beneficiar toda a economia”, disse.

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A inadimplência registrou 3,7% em junho, ante 3,4% em dezembro de 2011. O índice de cobertura continua em nível elevado, segundo o BC, atingindo 1,6 em junho.A inadimplência no primeiro semestre foi influenciada pelos financiamentos de veículos contraídos por pessoas físicas e pelas operações com recursos livres para pessoas jurídicas, segundo o BC.

Recuo

No segundo semestre, a inadimplência dá sinais de recuo, segundo o diretor. O BC acredita que o menor atraso observado nas safras mais recentes da carteira de financiamento de veículos associado ao crescimento da massa salarial, à recuperação da atividade econômica e à transmissão da redução da taxa básica de juros para as taxas cobradas pelos bancos tendem a melhorar a capacidade de pagamento das famílias e das empresas e a reduzir a inadimplência.

O aumento da inadimplência registrado no primeiro semestre desse ano já estava previsto, segundo o diretor. “O aumento da inadimplência está associado à questão da atividade, a perspectiva que se tem é que, com a retomada da economia, o mercado de crédito retome a dinâmica e a inadimplência caia”, disse. Meirelles defendeu que, ao contrário do que se pode pensar, a inadimplência não cresce em função do crescimento do crédito, mas em função das condições macroeconômicas.

Crédito

No primeiro semestre, o crédito cresceu de forma moderada, mantendo a tendência de desaceleração do crescimento, o ritmo foi pouco inferior a 18%. O estoque total de crédito era de 2,7 trilhões de reais no final de junho.


“Uma certa desaceleração da economia associa-se a um crédito crescendo a taxas mais modestas, a redução da Taxa Selic, a gente acredita que não vá ter interferência no volume de crédito”, disse Meirelles.

O primeiro semestre confirmou o crédito imobiliário como o principal no segmento pessoa física - 5,5% do PIB é crédito imobiliário, ante 4,2% um ano antes. “Vemos crescimento de modalidades mais seguras e formação de patrimônio, como consignado e imobiliário. É um crescimento do crédito ancorado no aumento de renda e encima de modalidades mais seguras do crédito”, disse Meirelles.

O crédito tem crescido em proporção ao PIB. Em junho, o crédito total atingiu 50,7% do PIB. O patamar era de 20% a 25% há dez anos, segundo o diretor.  “Mas (o crédito) ainda é baixo, o total e o imobiliário, se fizermos uma comparação internacional”, disse.

O Banco Central notou um crescimento mais acentuado na concessão de crédito de bancos públicos - cuja carteira cresceu 10,6% no semestre – em relação aos bancos privados (3,5%) e estrangeiros (4,6%).  “Isso muda a participação dos bancos públicos no market share (participação no mercado) do crédito do país”, disse Meirelles.

Hoje, os bancos públicos tem 45,1% do mercado de crédito, ante 41,8% um ano antes. O BC destaca que, no período, os bancos públicos, capitanearam o processo de redução das taxas de juros.

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