Greve atrasa exportação de soja por falta de estoque, diz Abiove
De acordo com executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, a capacidade de armazenagem de farelo e tancagem de óleo chegou ao limite
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de maio de 2018 às 14h30.
Última atualização em 25 de maio de 2018 às 14h35.
São Paulo - O secretário executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho, disse ao Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado ) que há atrasos em embarques do complexo soja nos portos brasileiros devido à paralisação dos caminhoneiros . Contudo, a associação ainda não tem estimativa de prejuízos provocados pela greve .
"Certamente tem atraso. No início tinha estoque no porto, mas o estoque já foi. Agora entra na fase crítica em que não tem estoque para embarcar. Não vai chegar produto lá", disse Trigueirinho.
Segundo ele, quando acabar a greve, acontecerá o contrário: "todo mundo vai querer mandar com rapidez para retomar o fluxo normal e atender os clientes". Ele ressaltou que paralisações criam problemas "de todo lado". "Com o atraso, as empresas ficam sujeitas a multa de navios. E isso cria um problema de imagem para o País como fornecedor confiável."
Os estoques de derivados que não saem das fábricas também preocupam a associação. "A gente não consegue mais mandar nada para o porto, está tudo obstruído", disse o representante. "A capacidade de armazenagem de farelo e tancagem de óleo chegou no limite. Normalmente temos armazéns maiores para a soja, porque a gente compra e, em alguns momentos, recebe muita coisa, tem muita sazonalidade. Agora, de farelo e óleo, a gente vai produzindo e já mandando para os clientes e para o porto, então não tem um pulmão tão grande."
Segundo Trigueirinho, isso tem causado grande transtorno para as esmagadoras. "É a época em que tem que estar rodando, tem que cumprir os compromissos. No curto prazo a situação precisa ser resolvida."
O executivo ressaltou, ainda, o temor quanto ao abastecimento de ração. "Tem ainda o aspecto da alimentação animal no mercado interno, porque está se agravando a cada dia que passa o suprimento para o setor de aves e suínos, e isso é extremamente complicado", disse.
No exterior, criadores de animais também aguardam a chegada do farelo brasileiro. "Se atrasa, começa a complicar. Uma coisa é atrasar um volume menor, agora está começando a ficar crítico. Tira a credibilidade do sistema."
Ele ressaltou que o setor está em contato com o governo para pressionar pela normalização da situação. "O setor privado inteiro está todo dia alimentando o governo, e certamente ele tem todas as informações para saber que o País está um caos. O governo tem que agir rápido e chegar a um entendimento para que a paralisação não se prolongue mais."