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Grécia tem tudo para ser o Éden dos milionários — faltam mordomos de luxo

Falta de pessoas qualificadas para o setor é o maior obstáculo, mesmo com a taxa de desemprego no país em 18% — a mais elevada da zona do euro

Praia com cabanas do resort Astir Beach, em Vouliagmeni. Junho de 2019: Falta de pessoas e investimentos adequados impedem turismo de aproveitar plenamente vantagens naturais gregas (Loulou D'Aki/Bloomberg)

Ligia Tuon

Publicado em 16 de junho de 2019 às 08h00.

Última atualização em 16 de junho de 2019 às 08h00.

Atenas - A Riviera de Atenas , a apenas 20 minutos da Acrópole e do centro da capital grega, poderia ser o parque de diversões dos milionários do mundo. Não é o caso.

O litoral de 70 quilômetros tem mar azul, pôr do sol romântico e vista deslumbrante para o golfo de Egina, mas apenas um punhado de hotéis de luxo, que têm dificuldades para encontrar pessoal para atender aos caprichos de visitantes exigentes. Quem tem muito dinheiro raramente passa por lá, o que é uma oportunidade perdida para um país onde até 20% do PIB vem da indústria do turismo.

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"Faltam na Grécia programas educacionais para treinar pessoas para atuar como mordomos em residências de luxo, para fornecer serviços de talassoterapia (tratamentos que usam água do mar) ou para trabalhar a bordo de iates — tudo isso é demandado pelos turistas ricos”, disse Xara Kovoussi, diretora da escola pública de educação turística em Anavissos, ao sul de Atenas.

Os gregos tendem a olhar com desprezo para essas funções, embora o turismo seja responsável direto ou indireto pelo ganha-pão de 3,8 milhões de pessoas, ou mais de um terço da população do país mediterrâneo. Mesmo com a taxa de desemprego em 18% — a mais elevada da zona do euro —, continua difícil encontrar pessoal qualificado para o segmento.

“A sociedade grega ainda considera a profissão de turismo como categoria inferior de emprego”, disse Kovoussi, acrescentando que só tem 450 alunos em sua escola. O instituto oferece cursos para chefs de cozinha, arrumadeiras, profissionais de coquetelaria, recepcionistas e garçons.

Mão de obra restrita e falta de investimento adequado impedem que o setor de turismo aproveite plenamente as vantagens proporcionadas pelo sol e pela areia em um país formado por cerca de 6.000 ilhas espalhadas pelos mares Egeu e Jônico. Cuidar dessas questões é crítico para a Grécia, que tenta superar uma década de crise financeira, que chegou a deixar a economia um quarto menor e 27% da população em idade ativa sem emprego.

A Grécia ficou em 18º lugar entre os países com o maior crescimento dos gastos de visitantes internacionais nos últimos sete anos, atrás da Espanha em quinto lugar, da Turquia em nono, de Portugal em 11º e da Itália em 12º, de acordo com dados do Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTCC). A Grécia recebeu 30 milhões de visitantes no ano passado, um salto de 11% em relação ao ano anterior, enquanto a receita do turismo subiu 12% para 16 bilhões de euros (US$ 18,1 bilhões), de acordo com a Confederação Grega de Turismo. O investimento da Grécia no setor aumentou menos que o de seus rivais globais, subindo 3,6% em 2018, ou a 120ª colocação em um ranking de 185 países, segundo dados do WTTC.

A indústria do turismo da Grécia vai precisar de 5 bilhões a 6 bilhões de euros em investimentos nos próximos quatro a cinco anos, afirmou Stelios Koutsivitis, presidente da Astir Palace Vouliagmeni, operadora do Four Seasons Astir Palace Hotel, em Atenas. Grandes projetos podem atrair bastante investimento estrangeiro. Segundo ele, ampliar a parcela de turistas de alto padrão de 2% atualmente para 5% poderia dobrar a receita do setor.

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