Governo Lula prevê R$ 327 bilhões de economia até 2030 com pacote fiscal; veja detalhamento
A principal medida de ajuste das contas do governo incluída no pacote será a trava nas regras de reajuste real do salário mínimo. As estimativas apontam que a economia será de R$ 110 bilhões até 2030
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 09h19.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê que o pacote de medidas de corte de gastos e fortalecimento do arcabouço fiscal representará uma economia de R$ 327 bilhões até 2030 aos cofres públicos.
Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; do Planejamento, Simone Tebet; e da Casa Civil, Rui Costa, detalham as medidas em entrevista coletiva nesta manhã de quinta-feira, 28.
Ontem, Haddad anunciou em pronunciamento à nação, na TV aberta, a isenção de Imposto de Renda (IR) para trabalhadores com carteira assinada com salário de até R$ 5 mil e as medidas de corte de gastos, que terão um impacto fiscal de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, se aprovadas pelo Congresso.
Entre as medidas, estão mudanças na regra de cálculo do salário mínimo, na concessão do Abono Salarial e do Bolsa Família, além de alteração na regra de aposentadoria dos militares. Algumas medidas serão enviadas ao Congresso como Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e outras como projetos de lei.
A principal medida de ajuste das contas do governo incluída no pacote será a trava nas regras de reajuste real do salário mínimo. As estimativas apontam que a economia será de R$ 110 bilhões até 2030.O governo espera que essa medida ajude a equilibrar as contas públicas ao longo dos próximos anos.
Medida | 2025 | 2026 | 2027 | 2028 | 2029 | 2030 |
PEC | 11,1 | 13,4 | 16,9 | 20,7 | 24,3 | 28,4 |
- Abono salarial | 0,1 | 0,6 | 0,6 | 3,0 | 5,0 | 6,7 |
- Fundeb (Tempo Integral) | 4,8 | 5,5 | 6,5 | 7,5 | 8,5 | 9,5 |
- DRU | 3,6 | 4,0 | 4,5 | 4,9 | 5,4 | 5,8 |
- Subsídios e subvenções | 1,8 | 1,9 | 2,1 | 2,4 | 2,7 | 3,0 |
- FCDF | 0,8 | 1,5 | 2,2 | 2,8 | 3,3 | 3,9 |
PL | 11,7 | 19,2 | 24,0 | 30,1 | 37,3 | 44,5 |
- Salário mínimo | 2,2 | 9,7 | 14,5 | 20,8 | 27,8 | 35,0 |
- Bolsa Família | 2,0 | 2,0 | 2,0 | 2,0 | 2,0 | 2,0 |
- BPC | 2,0 | 2,0 | 2,0 | 2,0 | 2,0 | 2,0 |
- Aldir Blanc | 0,5 | 0,5 | 0,5 | 0,5 | 0,5 | 0,5 |
- Biometria | 2,5 | 2,5 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 |
- Militares | 2,5 | 2,5 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 |
Outras | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 |
Provimento e criação de cargos | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 |
Subtotal sem emendas | 23,9 | 33,3 | 41,9 | 51,9 | 62,6 | 73,9 |
Emendas | 6,7 | 7,7 | 7,3 | 5,6 | 6,0 | 6,9 |
Total | 30,6 | 41,1 | 49,2 | 57,5 | 68,6 | 79,9 |
Debates se arrastaram por mais de um mês
Após diversas críticas de economistas e investidores sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal, Haddad mudou de postura e passou a defender publicamente uma agenda de revisão de gastos em 14 de outubro, durante evento do Itaú BBA, como mostrou à EXAME. “Se defendermos a arquitetura do arcabouço fiscal chegaremos ao grau de investimento. Estamos na rota para conseguir o grau de investimentos até 2026", disse o ministro, na ocasião.
Dois dias depois, o ministro da Fazenda foi ainda mais enfático e disse que trabalharia para garantir a sustentabilidade e a credibilidade das regras fiscais aprovadas um ano antes.“Queremos garantir que o arcabouço tenha vida longa. Não pode ser algo que as pessoas olhem e que digam que [a regra] tem dois anos ou três de sustentabilidade", afirmou.
A declaração ocorreu após o ministro participar de reunião com Lulae com os executivos dos quatro maiores bancos privados do país.