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Felipão no Banco Central

O próximo presidente da República que deverá tomar posse no dia 1º de janeiro poderá, se o desejar, substituir o presidente do Banco Central (BC). Não é uma escolha fácil. O presidente do BC tem mais poder do que a maior parte dos ministros de Estado. Afinal, quem se interessa pelo que o ministro da […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h18.

O próximo presidente da República que deverá tomar posse no dia 1º de janeiro poderá, se o desejar, substituir o presidente do Banco Central (BC).

Não é uma escolha fácil. O presidente do BC tem mais poder do que a maior parte dos ministros de Estado. Afinal, quem se interessa pelo que o ministro da Justiça (ou o dos Transportes) diz, em comparação com uma leve opinião sobre a taxa de juros e a cotação do dólar?

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Isso torna essa escolha uma das tarefas mais espinhosas para o futuro presidente. Se o escolhido for alguém "de mercado", ou seja, um egresso das competitivas fileiras do setor financeiro, ele terá de enfrentar a desconfiança (até certo ponto justificada) de outros setores da sociedade. De novo, o velho ditado da raposa tomando conta do galinheiro.

Se o escolhido for alguém "fora do mercado", ou seja, sem um passado bancário a manchar-lhe o currículo, a desconfiança será: 1) de sua capacidade de executar suas tarefas e 2) de sua competência para dobrar os especuladores de plantão.

Para facilitar a vida do futuro presidente, vai aqui uma sugestão: que o novo presidente do BC seja o Felipão.

As vantagens são inúmeras. O Felipão original (Luiz Felipe Scolari), que levou a seleção brasileira à final da Copa do Mundo contra todas as expectativas, tem características que o fazem talhado para dirigir o BC. Ele é um homem de princípios rígidos: faz só o que acredita, mesmo tendo de deixar os Romários da vida fora do time, contra o desejo da torcida. Ou seja, o Felipão no BC não deverá ceder à tentação de baixar os juros se for necessário mantê-los elevados.

O Felipão na Seleção caracteriza-se por montar times bem coordenados, que acabam surpreendendo até quem é do ramo.

No segundo jogo contra a Turquia, a manutenção de Ronaldinho em campo no início do segundo tempo foi criticada por todos os comentaristas, que tiveram de engolir suas palavras quando foi ele quem decidiu a partida. Uma característica essencial para qualquer banqueiro central, que tem de saber despistar o mercado e os críticos para vencer a partida diária contra os bancos.

A única dúvida é se, no BC, o Felipão vai se convencer da necessidade de armar esquemas defensivos melhores, que não deixem o país tão vulnerável aos centroavantes cambiais e dos volantes fundos de derivativos, algo que, até agora, não empolgou a torcida em Brasília.

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